sábado, 3 de outubro de 2020

O mito Lambretta

 


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Símbolo de uma geração, a Lambretta foi uma das mais icônicas scooters que já existiram. Lançada em 1948, teve seu auge no Brasil entre meados das décadas de 50 e 60, até encontrar seu ocaso no início dos Anos 80. Mas ela ainda vive!

Com o fim da II Guerra Mundial e a retomada gradual das atividades econômicas na Europa, começou a surgir a demanda por meios de transporte individual e foi então que Ferdinando Innocenti, um industrial europeu nascido em 01/09/1891, teve a ideia de construir um veículo que fosse barato para produzir, barato para adquirir, barato para manter e que resolvesse esta demanda.

Apesar de sua fábrica ter sido atingida por bombardeios, ele uniu-se ao amigo e também engenheiro Pierluigi Torre e iniciou o desenvolvimento do projeto em 1946 e após um ano de investimentos, desenvolvimento e testes, perceberam que tinham esta solução.

Como a fábrica ficava na cidade de Lambratte, decidiram batizar o seu invento com uma corruptela deste nome e assim nascia a Lambretta. Inspirada no modelo militar norte-americano Cushman, esta primeira Lambretta era equipada com motor dois tempos de 123 cm3, que desenvolvia módicos 4,2 hp a 4.400 rpm e trabalhando com taxa de compressão de 6,0:1, fazia honrosos 33 km/k!

No Brasil

Apesar de esquisitinha, a Lambretta começou a conquistar adeptos, movimento que foi se ampliando à medida que a scooter ia sendo melhorada. Nos Anos 50, Lambretta e Vespa travavam uma batalha pela preferência do consumidor e o sucesso experimentado na Itália, credenciou o invento da dupla para ser vendido em outros países.

Um desses foi o Brasil, que recebeu, inclusive, uma fábrica, situada na Rua Bartholomeu Paes, 200, uma ruinha sem saída no bairro paulistano da Vila Anastácio. Foi a primeira indústria a produzir um veículo no país!

As operações começaram em 1955 com a produção das versões D e LD (Standard e Luxo), equipadas com motor dois tempos de 150 cm3 que desenvolviam 6 cv e câmbio de 3 velocidades, que funcionava no punho esquerdo: para engrenar as marchas era preciso acionar a embreagem e girar a mão. Ainda eram oferecidos dois ou três modelos de pequenos furgões-reboque para entregas.

Suas rodas de 8” não conferiam a melhor estabilidade que se pode desejar, mas também sua velocidade não passava dos 75 km/h.

Para marcar a chegada dos rebeldes Anos 60, em outubro daquele ano surgia o modelo LI. Esta segunda geração da Lambretta made in Brasil apresentava rodas de 10”, para-lama dianteiro fixo à estrutura, transmissão por corrente interna no lugar do cardã, câmbio de 4 marchas e entregava 6,5 cv, atingindo 80 km/h

Em 1964 a empresa mudou sua razão social de Indústrias Mecânicas para Companhia Industrial Pasco-Lambretta e lançou o modelo 1964, com motor de 175 cm3, que entregava 8,6 cv e atingia os 103 km/h.

Depois de ter alcançado a incrível marca de mais de 50.000 Lambrettas vendidas e ter se tornado um dos ícones da rebeldia juvenil, a pequena scooter comoeçava a perder prestígio entre seu principal público.

Em 1970 Felipe Pugliese (maior acionista), compra a fábrica em sociedade com Oliveiro Brumana, o que resultou em nova mudança de nome: Brumana e Pugliese S.A Indústria e Comércio de Motores e Veículos, que recebeu injeção de capital que lhe permitiu erguer novas instalações na Via Anhanguera numa área de 19 mil metros2, sendo 12 mil de área construída, e aquisição de maquinário completo para produzir uma 125 100% nacional.

Dessa fase surgiram os modelos Xispa 150, a última versão do Modelo LI, a Cynthia e a MS 150, que tinha as tampas laterais cortadas e, por isso, recebeu o apelido de “mini-saia”.

Em 1979 veio o último suspiro da empresa, com nova mudança de nome (Lambretta Veículos Brasileiros) e o lançamento da Lambretta BR Tork nas versões 125P, 125T e 150, mas nem mesmo seus preços acessíveis foram capazes de concorrer com as motos japonesas, que se tornavam o novo desejo da juventude.

Finalmente em 1982 a empresa fechou suas portas e hoje o antigo prédio onde ficava a fábrica da Vila Anastácio pertence à Léo Madeiras.

Hoje a história da Lambretta divide-se em duas vertentes: de um lado, os saudosistas (ou Lambretisttas) que buscam manter viva a memória desta icônica marca e seus produtos e de outro, um movimento que resgatou o prestígio da marca e à trouxe de volta à existência, com produtos contemporâneos.

Aqui no Brasil ela é representada pela Motorino, empresa sediada Curitiba (PR), que oferece as versões Lambretta, Capuccino e Velvet, todas de apelo retrô-chic.

Fonte: Moto Adventure.



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