Antônio Barra Torres diz que agência quer evitar discussões políticas acerca dos imunizantes contra o novo coronavírus
Em meio à polêmica decisão
do presidente Jair Bolsonaro de suspender o acordo firmado pelo Ministério da Saúde com o Instituto Butantan para que o governo federal comprasse 46 milhões de
doses da Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório em parceria com a
farmacêutica chinesa Sinovac, o diretor-presidente da Agência de Vigilância
Sanitária (Anvisa), almirante Antônio Barra Torres, disse que a instituição
está comprometida em atestar a qualidade, a segurança e a eficácia dos
imunizantes que estão sendo testados no Brasil e afirmou que “pouco importa de
onde vem a vacina ou qual é o seu país de origem”.
Nesta
quarta-feira (21/10), após se reunir com o governador de São Paulo, João Doria
(PSDB), Torres frisou que a Anvisa quer se manter “fora da discussão política
ou de qualquer outra discussão que não seja o norte técnico-científico para
que, o quanto antes, possamos entregar respostas vacinais ao povo brasileiro”.
O presidente da agência comentou que a
Anvisa não participa de nenhuma compra feita pelo governo federal, pois isso é
competência exclusiva do Ministério da Saúde. Mas deixou claro que não vai
rejeitar o pedido de registro de uma vacina só porque o imunizante não teve o
apoio do Executivo.
“Para nós, pouco importa de onde vem a
vacina ou qual é o seu país de origem. Nosso dever constitucional é fornecer as
respostas de se esses produtos têm ou não têm qualidade, segurança e eficácia,
se induzem à imunidade ou não, se essa imunidade induzida é específica ao
coronavírus, se ela vai combater o coronavírus”, explicou Barra.
Além dele, a segunda diretora da Anvisa,
Alessandra Bastos, destacou que a agência está focada em verificar cada vacina
de forma sempre “imparcial” e “independentemente da origem do país”. Segundo
ela, a Anvisa conta com equipes de fiscalização que supervisionam cada fábrica
responsável pelo desenvolvimento das vacinas para atestar que o imunizante está
sendo feito dentro de boas práticas de fabricação.
“O
nosso critério não é de onde vem, mas é se há qualidade e onde é fabricado. Não
é competência nossa fazer julgamento”, garantiu Alessandra. Ela acrescentou que
as quatro vacinas que estão em fase de testes no Brasil estão sendo tratadas da
mesma maneira pela Anvisa.
“Não há, de forma alguma, nenhuma diferença
no tratamento de todos os estudos que foram protocolados e solicitados anuência
na Anvisa. Eles cumprem rigorosamente o mesmo trâmite. Obviamente que os tempos
são distintos em função do período da solicitação da anuência da agência para
que o estudo fosse iniciado, mas não há qualquer distinção no procedimento de
avaliação dos dados para cada estudo”, informou
Registro das vacinas
Barra e Alessandra disseram que, até o
momento, nenhuma das entidades responsáveis pelas quatro vacinas que estão
sendo testadas no país enviaram pedido à Anvisa para que o imunizante seja
registrado e, assim, seja oferecido à população. Segundo o presidente da
agência, os futuros pedidos serão analisados sem “nenhuma alteração, influência
ou ação de qualquer outra situação que não a ciência e o apego à boa técnica”.
“Não há influência externa nesse sentido”, afirmou o diretor-presidente.
De acordo com ele, não há nenhuma data
pré-definida para a conclusão de estudos ou para o fornecimento de registro a
qualquer uma das quatro vacinas. “Entendemos a angústia e a ansiedade e temos
também a pressa, mas ela não será atrelada previamente a nenhuma data. O que
temos dito desde o início é que lançaremos mão do melhor e do menor tempo, mas
não temos a menor pretensão de identificar uma data.”
“O processo de registro
vai analisar os dados de qualidade que essa vacina trará, mas segurança e
eficácia ainda estão sendo verificados. Todos os pedidos (de estudos) que foram
apresentados foram anuídos e estão sendo acompanhados. Praticamente
semanalmente temos reuniões com todas as empresas que estão desenvolvendo suas
vacinas e, conforme esse pleito for feito, aí sim poderemos começar a análise
do registro das vacinas”, completou Alessandra.
Fonte: Augusto Fernandes / Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário