sábado, 22 de outubro de 2016

AS NOVIDADES ESTIMULAM AS CRIANÇAS

Desde muito cedo, as crianças têm uma própria representação do mundo, um jeito de perceber e entender a realidade existente. Os pequenos são capazes de notar quando um objeto se comporta de maneira natural ou completamente imprevista. Isto nos confirma pesquisas e estudos sobre o mundo infantil. Portanto, bebês com menos de um ano são capazes de fazer previsões do mundo que os circundam. E quando essas previsões não correspondem às perspectivas deles, ficam surpreendidos. Como? Os olhos se arregalam, fixam o objeto e depois mudam de expressão. E como reagem as crianças quando são atordoadas por esses conhecimentos?

Quando isso ocorre, elas aproveitam para apreender mais sobre o objeto em questão e também explorar mais o mundo que está ao redor delas. Praticamente, comportam-se como minis pesquisadores, tentando confirmar suas expectativas. No final das contas, poderíamos dizer: as hipóteses que se formularam no próprio mundo intelectual buscam próprias confirmações. As crianças escondem nos cérebros segredos que são instrumentos de aprendizagem. Um estudo feito por duas pesquisadoras americanas, Aimee E. Stahl e Lisa Feigenson, e publicado na prestigiada revista científica ‘Science’, confirma tudo isso.

Ligadas à Universidade Johns Hopkins, elas observaram o processo do conhecimento das crianças, que têm uma pequena bagagem de experiência, mas que ainda não aprenderam a falar. De fato, essa curiosidade existe em todos nós adultos em saber até que ponto a criança compreende ou quer compreender. Até que ponto entende as coisas. Em suma, todos nós queremos nos colocar no mundo da compreensão da criança para ter uma interatividade mais completa. Assim declarou a pesquisadora Lisa Feigenson: “Para as crianças, o mundo é um lugar incrivelmente complexo e cheio de estímulos dinâmicos. Como eles sabem o que focar e o que mais aprender e, no entanto, o que ignorar?"

Mais adiante, a pesquisadora diz: “A nossa pesquisa nos sugere que as crianças usam o que já sabem do mundo para elaborar as previsões. Quando estas previsões se demonstram erradas, as crianças usam esta surpresa como uma especial oportunidade de aprendizagem.” Ela esclarece se as crianças têm dificuldades de descrever o mundo, o que as circundam, porém, têm um modo próprio delas comunicarem aquilo que conhecem e aquilo que não conhecem, através do olhar. É o olhar delas que revela o conhecimento. De fato, os cientistas, há muito tempo, sabem que as crianças olham por mais tempo e com mais insistência algo que os adultos julgam surpreendente e que se comporta de maneira inesperada.

Uma surpresa, nesse sentido, é ser tudo isso que contradiz as expectativas, como por exemplo, dizem os cientistas, uma bola que cai numa descida de um morro e que, no entanto, no lugar de ser bloqueada por um muro parece atravessa-lo. A partir dessa imagem, Stahl e Feigenson tentaram entender o que ia acontecer ao nível de conhecimento depois de um evento
surpreendente no cérebro das crianças de apenas 11 meses. Resposta: algumas crianças mostraram uma sequencia esperada, isto é, que a bola que desce se bloqueia quando alcança um muro; porém, outras, o evento inesperado, isto é a bola que parecia atravessar o muro.

Depois disso, as pesquisadoras ensinaram às crianças que a bola emitia também um som se sacudida, observando que as crianças que foram surpreendidas aprenderam mais que as outras. Quando as pesquisadoras no lugar de ensinar deixavam livres as crianças de brincar com a mesma bola e foram surpreendidas pelo evento (atravessar, por exemplo, o muro) se entretinham mais com a bola quase a querer perscrutar os tais secretos, o fenômeno. No entanto, as crianças que tinham visto o evento típico da bola bloqueada pelo muro não mostravam preferência pela bola, não davam muita atenção a ela, contrariamente daquelas ficaram surpreendidas.

O que quer dizer tudo isso? As pesquisadoras Stahl e Feigenson chegaram à conclusão que os eventos que contradizem as previsões, as surpresas, são uma oportunidade para as crianças apreenderem, e não em maneira reflexiva, mas com comportamentos que buscam de compreender os aspectos que estão em desacordo com as expectativas. Doutora Feigenson afirma: “Quando as crianças são surpreendidas aprendem muito melhor, como se quisessem compreender algo melhor.” Creio que isto nos ajude como melhor nos relacionar com as crianças em relação à educação como um todo.

Fonte: Claudio Pighin, sacerdote, jornalista italiano naturalizado brasileiro, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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