A disputa Honda e Yamaha protagoniza o universo duas rodas no Brasil desde os anos 1970. E, agora, está prestes a escrever um novo capítulo. Afinal, a nova geração da XRE é superior à veterana XTZ 250? Qual é melhor, Sahara 300 ou Lander 250? Vamos ver.
Sahara 300 ou Lander 250
O lançamento da Sahara aconteceu na última semana. É uma moto nova, não apenas uma atualização visual da antiga XRE. Na prática, mantém o design já conhecido, mas adota conjunto mecânico inédito, baseado nas CRF 250F e CB 300F. Se o visual lembra bastante a antecessora, no desempenho devemos ter um produto nitidamente superior – mais ágil, econômico e com melhor aceleração. Porém, ainda não foi possível rodar na novidade.
Já a Lander 250 é uma veterana no mercado. Lançada em 2006, teve uma atualização em 2018 (assim como a XRE, em 2019), quando ganhou novo visual, carenagens e alguns recursos eletrônicos. Porém, a base mecânica permanece quase inalterada ao longo dos últimos 17 anos. Apesar de simples, é uma moto competente e que possui uma invejável fama de durabilidade.
Comparativo: Sahara 300 ou Lander 250 | |
Quem leva: | |
Projeto | A Sahara tem um projeto mais moderno. Deriva da CRF 250F, lançada em 2018. Já a Lander é baseada na Fazer de 2005 e, ao contrário da street, nunca recebeu atualizações mecânicas profundas. Ponto para a Honda. |
Motor | Apesar da indiscutível durabilidade, a Lander 250 tem números inferiores. São 20,9 cv de potência e 2,1 kgf.m de torque contra 25,2 cv e 2,74 kgf.m da Honda. A construção de ambos é similar: OHC, com arrefecimento a ar. Vantagem para a Honda. |
Câmbio | Uma das principais críticas à Lander é o câmbio de 5 velocidades, que prejudica o desempenho em estradas. Após sofrer do mesmo mal por 15 anos com a XRE, enfim a Honda adicionou um de 6 velocidades à Sahara. Ponto para ela. |
Tecnologia | Com um projeto mais recente, é obrigação da Sahara ter mais tecnologia. Diferente da Lander, tem ABS nas duas rodas, embreagem assistida e deslizante, iluminação full-LED, tomada USB-C e sinal de frenagem de emergência (ESS). |
Design | As duas motos têm visual contemporâneo, bom nível de acabamento e parecem usar materiais de qualidade. Se escolhêssemos alguma delas, estaríamos sendo tendenciosos. Empate. |
Conforto | Ambas têm suspensões de longo curso, banco largo e posição de pilotagem ereta. A Sahara se diferencia por oferecer bolha elevada e carenagens maiores no tanque, prometendo mais proteção aerodinâmica. Mas ainda precisamos rodar com a Honda para ver se, na prática, é realmente superior à Yamaha. |
Cores e versões | A Sahara falha por oferecer apenas uma cor em cada versão, limitando as opções ao comprador. Porém, tem três versões, com grafismos e até itens de série exclusivos. Na Yamaha há três cores, mas em versão única. Pequena vantagem para a Honda. |
Consumo e top speed | A Lander tem bons números de consumo, frequentemente fazendo mais de 32 km por litro. A CB 300F, de quem a Sahara adota o motor, registra dados próximos. Porém, só será possível cravar qual a melhor trail após um teste completo com a Sahara. O mesmo acontece com o top speed. Por enquanto, é preciso esperar. |
Pós-venda | Como se não bastasse a boa fama da Lander quanto à resistência, ainda tem garantia de 4 anos (contra 3 da Sahara) e Revisão Preço Fixo. Ou seja, com maior assistência, o consumidor roda mais tranquilo. Ponto da Yamaha. |
Preço | A Honda irá revelar o preço sugerido da Sahara nesta semana, porém, os concessionários têm liberdade para precificar seus próprios produtos. Logo, o que realmente importa é o preço médio de mercado (fipe), algo que devemos ter apenas em meados de janeiro. Para referência, a atual XRE costuma ser encontrada por R$ 30.000 nas lojas. Já a Yamaha, sabemos que custa aproximadamente R$ 26.700 ao consumidor. Entre o certo e o duvidoso, vitória (ao menos provisória) da Lander. |
Vantagens da Sahara 300
Baseado na CRF 250F, o projeto da Sahara 300 é cerca de 10 anos mais novo que o da Lander, com raízes na Fazer de 2005. Naturalmente, isso dá à Honda uma série de vantagens em relação à Lander.
Câmbio de 6 velocidades, embreagem assistida e deslizante, chassi de berço semi-duplo e motor com menos vibração são algumas vantagens mecânicas da Sahara em virtude do projeto mais jovem. Também se sai melhor no quesito tecnologia, com tomada USB-C, iluminação full-LED e painel mais completo, herdado da CB 300F Twister. Ainda tem outros mimos, como aros em alumínio.
Vantagens da Lander 250
Não é por ficar atrás em alguns tópicos que a Lander é uma moto ruim – longe disso. Seus ótimos números de vendas ao longo dos anos consolidam a boa aceitação do modelo. Aliás, em 2023 ela chegou a ser a moto mais emplacada da Yamaha no Brasil em diversos meses. É, sem dúvidas, um sucesso.
Um dos pilares do seu êxito é a durabilidade, sobretudo do motor SOHC de 249 cm³. Se não impressiona pela aceleração, é sinônimo de tranquilidade, afinal a chance do proprietário ficar no acostamento por problemas mecânicos é quase nula. E é econômico, também.
Além disso, a Lander é uma trail competente. Alta, esguia e com ótima altura do solo, transpõe qualquer obstáculo. Ainda, é confortável na estrada e passa como poucas entre os carros no caos urbano. É uma versátil como uma boa trail deve ser.
Porém, carece de atualizações. A falta de renovação é inegável ao comparar com novas rivais como a Sahara e até com produtos da própria Yamaha. Mesmo a Crosser 150, menor a mais barata que a Lander, tem atributos que faltam na 250. Por exemplo: tomada 12V, farol com canhão em LED e painel completo, com indicador de marchas e função eco. Por isso a Lander deve – e precisa – mudar em breve.
Preço: Sahara 300, Versys ou GS 310?
Apesar de promissora, a Sahara 300 tem um projeto simples – com motor de arrefecimento a ar, pneus com câmara e suspensões convencionais, por exemplo. Por isso, segue sendo rival direta da Lander 250 e deve ter preço próximo à Yamaha.
O preço sugerido da Honda será revelado na próxima sexta, 24 de novembro. Entretanto, a distribuição do modelo às lojas deve acontecer progressivamente até janeiro, quando teremos uma média de seu preço nas lojas. E, para o consumidor, é o valor médio de mercado o que realmente importa.
Atualmente, a XRE 300 tem preço sugerido na casa dos R$ 26 mil, mas costuma ser negociada por cerca de R$ 30 mil nas concessionárias. Caso o fenômeno se repita com a Sahara, o preço final pode acabar encostando em produtos tecnicamente superiores, como Kawasaki Versys X-300 e BMW G 310 GS, vendidas por R$ 36.400 e R$ 38.300.
Além disso, o mercado está recebendo novas concorrentes. A Royal Enfield apresentou a Himalyan 450 no exterior e já confirmou o modelo para o Brasil. Também está chegando a Scrambler 400X, da Triumph. Ambas com potência na casa dos 40 cv, motor de arrefecimento a líquido e suspensão dianteira invertida, entre outras tecnologias ausentes na Sahara. Por essas e outras é que o preço final será determinante para o sucesso da nova Honda no país.
Fonte: Guilherme Augusto / www.motonline.com.br
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