quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

A ARTE DA PRUDÊNCIA

 Evitar os dissabores.

É tão benéfico quanto sensato. A prudência o poupará de muitos: trata-se da Lucina (Deusa romana dos partos; apelido de Juno e Diana.) da felicidade e, por isso, da satisfação. Não dê aos outros más novas, a menos que haja um remédio, e acautele-se ainda mais para não recebê-las. Há os que só têm ouvidos para a doçura da lisonja, e outros, para o amargo da intriga, e há os que não sabem viver sem uma dose diária de desgosto, a exemplo de Mitridates com seu veneno (Rei do Ponto, o qual, temendo ser envenenado pelos inimigos, habituou-se ao veneno tomando doses diárias dele.). Não é possível viver bem infligindo a nós mesmos sofrimentos vitalício a fim de agradar aos outros, mesmo que seja alguém íntimo. Nunca peque contra si mesmo para satisfazer aquele que o aconselha e fica de fora. Quando agradar a alguém envolve impor sofrimento a si mesmo, lembre-se desta lição: antes outro se magoar agora do que você se aborrecer mais tarde, e sem remédio.


Fonte: Do Livro A ARTE DA PRUDÊNCIA - Autor: Baltasar Gracián / Editora Martin Claret.







Nenhum comentário:

Postar um comentário