Ministro Joaquim Barbosa |
Magistrados, policiais,
jornalistas e fiscais são profissionais que recebem, costumeiramente, ofensas e
ameaças, via telefone, carta, internet e até pessoalmente. Os descontentes, com
sentenças, ações, criticas ou multas, os inescrupulosos diga-se, recorrem ao
anonimato para desabafar já que existem os caminhos normais para se restaurar a
verdade, a prova forjada, a calúnia e o abuso do poder. Fica desta forma um
tanto quanto prejudicada alegação de que ameaças é sua integridade física, de
agressão e até de morte, teriam determinado a imprevista deserção do ministro
Joaquim Barbosa das altas funções de ministro-presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), muitos antes da aposentadoria compulsória que se verifica
aos 70 anos de idade. Dono de uma personalidade polêmica, autoritária, que não
aceita contestações, o magistrado colecionou inimigos entre seus pares,
jornalistas, políticos, inclusive entre entidades de classe às quais se referia
como núcleos de parasitas apenas interessados
em benefícios, viagens de lazer e aumentos de salários. A própria OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) mais de uma vez admoestou, via ofícios, atitudes
condenáveis do presidente do STF que atingiam defensores de réus ainda que
respaldadas na letra fia da Lei.
Inutilmente foi no julgamento da AP 470, conhecida como “mensalão” que
o nome de Joaquim Barbosa chegou ao noticiário e conseqüentemente ao grande
público que inconformado com os sucessivos escândalos procurava um nome, um justiceiro, que
devolvesse à sociedade um mínimo de confiança.
E o seu nome foi lembrado para a
Presidência da República que ele não pleiteou e se descartou de imediato.
Realmente o jurista não teria a mobilidade no terreno político exigida para
fechar acordos, conchavos, alianças e coalizões com o objetivo do Poder “custe
o que custar”. Pesaram, na relação de motivos, persistente problema na coluna
que provoca dores intensas e que já determinaram a visita a especialistas de
vários países, sem solução. Por fim a
presença de seu colega Levandowsky na presidência, por certo ensejaria
desavenças, discussões e atritos que o bom sendo manda evitar.
Sobram motivos, portanto para
explicar a inesperada renúncia a um dos mais cobiçados cargos de nossa
Democracia, o ministro do STF, colimação da carreira de quantos militam na
jurisprudência. Se causou decepção em muitos, também provocou inusitada alegria
em setores políticos, administrativos e advocatícios que vislumbram
oportunidade para solução de problemas de ex-membros do Poder hoje recolhidos
em presídios do país, e até do Exterior.
Fonte: Notas do Repórter - Reis
de Souza / Jornal Alto Madeira
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