quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Solidariedade motociclística

Engraçado que a mídia em geral nos pinta como loucos e desequilibrados...
O motociclista Oswaldo Ramos Junior, conhecido como Wado Santista (foto), vivenciou uma situação corriqueira, mas, com atitude correta e a solidariedade comum a muitos de nós motociclistas, mostra com seu relato, transformado numa crônica, que o que faz a diferença entre as pessoas é somente a atitude, na real, na sociedade em geral, mesmos os países, o que difere um do outro (se desenvolvido ou não) é também a atitude das pessoas. 


Esse texto foi publicado originalmente no motonline.com.br, tomamos a liberdade de colocá-lo aqui também, pois, textos assim, simples como esse, precisam ser disseminados. 

Por Wado Santista

Vinha eu pela 23 de maio, em São Paulo, quando vi parada na pista da direita uma mulher com o pneu dianteiro direito furado, ela fora do carro, uma mão com o celular na orelha e na outra mão uma fralda abanando para os carros desviarem dela, coitada! Dentro do carro, no banco de trás, 3 crianças, sendo uma na cadeirinha, chorando muito, e as outras duas fazendo a maior zoeira que eu já vi.
E a coitada da mulher surtando.
Parei a moto protegendo-a e falei: – entra no carro por favor que você em pé aqui fora pode ser atropelada. Abra o porta-malas que eu vou trocar esse seu pneu rapidinho. Ela me passou o celular e do outro lado estava o marido desesperado. Falei para ele que estava passando de moto, disse que ia trocar o pneu do carro da esposa dele e que ele se acalmasse. Ele agradeceu.
Devolvi o celular pra mulher, abri o porta-malas, coloquei o triângulo a uns 50 metros e ajeitei a moto pra me proteger – se alguém atropelasse alguma coisa, que fosse a minha moto e não eu.
Estou eu trocando o pneu, quando para um motoboy e fala :  - Quer ajuda mano?
Falei: -Quero, fica lá perto do triângulo com sua moto e fique acenando para os carros desviarem enquanto eu troco esse pneu, é rapidinho.
Dentro do carro a mulher acalmando o bebê e dando bronca nas duas crianças pequenas que estavam adorando aquilo tudo.
Troquei o pneu rapidamente, guardei tudo, fui até à janela da mulher e falei, tudo certo, pode ir embora e quando puder liga para o seu marido que ele estava em pânico, coitado, e sorri.
A mulher em vez de ir embora logo, falou pra mim: – Obrigado, mas espera um pouquinho por favor; pegou a bolsa, sacou 10 reais da carteira e queira me dar. Eu falei rindo: – Que isso? Não precisa, por favor guarde o seu dinheiro e tire o seu carro da pista, vá embora por favor. Ela retrucou: -Precisa sim… Precisa sim.
Eu vendo que ela não iria embora e que discutir com ela seria perda de tempo, peguei os 10 contos rindo muito. Ela foi embora, o motoboy já estava na moto dele e do lado da minha, esperando e me protegendo pra eu subir na minha com segurança. Peguei os 10 contos que a mulher tinha me dado, dei pra ele e ele falou: – Aeeeeeee! Valeu mano!  Eu falei: – Eu que te agradeço véio!
Subi na moto, buzinei, ele buzinou, e fomos embora todos felizes!
Engraçado que a mídia em geral nos pinta como loucos e desequilibrados. Essa senhora, mãe desses 3 filhos, e todos os que passaram de carro naquela avenida movimentada com certeza mudaram esse preconceito ruim que têm, de quem anda de superbike e dos motoboys.

Fonte: Texto por Wado Santista, publicado originalmente no motonline.com.br  / RockRiders

Nenhum comentário:

Postar um comentário