Vivemos uma época de muitas crises. Crise existencial e
crise do amor. Na verdade, além de este sentimento estar ausente em nossos
relacionamentos, a palavra amor vem
sofrendo um desgaste em nossa língua. Hoje, dizer eu o amo pode significar
muitas coisas, menos amor. Infelizmente, poucos acreditam no amor como
experiência afetiva presente na convivência humana.
Todavia, há um amor que ainda nos fascina e continua com o
referencial para todos nós: o amor de mãe. Por suas características, singulares
– doações, renúncia, perdão e sacrifício -, o amor materno é descritos pelos
poetas como algo quase divino. Desta analogia, nasceu a idéia de que o “amor,
só de mãe”, que procura definir a intensidade e a singularidade do amor
materno.
Três qualidades estão presentes no amor materno como um
referencial de afeto genuíno: a doação, a renúncia e o auto sacrifício.
Primeiro, a maternidade é uma demonstração eloqüente de que
o amor e a doação estão intrinsecamente comprometidos. Todo filho deveria
reconhecer que alguém deu muito de si mesma para que ele pudesse existir, a sua
mãe. Doação é um conceito e uma experiência muito ausente em nossa cultura
contemporânea.
A segunda qualidade inerente ao amor de mãe é a renúncia. É
impossível amar de verdade, pensando apenas em si mesmo. Quantas mães abrem mão
de seu tempo, de seu lazer, seus direitos, seus sonhos, em função dos filhos,
da família e do lar. Vivemos hoje em uma época em que cada um pensa primeiro em
si e como obter algum lucro por meio dos relacionamentos. Por isso, o amor de mãe é um paradigma ainda não quebrado em
nossa sociedade tão egocêntrica.
Uma terceira característica do amor materno é a sua natureza
sacrifical. Aliás, se pensarmos bem,
doação, renúncia e sacrifício são inseparáveis. Ao tomar-se mãe, a mulher põe
sua vida em risco (e muitas jamais voltaram vivas após o parto). Há também o
sacrifício das prioridades, da individualidade, dos desejos pessoais. Enfim,
são muitos os sacrifícios na experiência de vida de uma mãe.
Como se não bastasse, o amor de mãe é também fonte de
inspiração. Em meio a uma existência tão árida, carente de afeto e ternura, as
mães se revelam como exemplo de amor. Elas nos inspiram reverência à vida,
renúncia ao egoísmo e gratidão a Deus pelo dom da existência. Por isso, o amor
de mãe, de tão singular, é um amor quase divino.
Fonte: Estevam Fernandes / Jornal Alto Madeira
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