FLOPOU
Embora o evento na capital, convocado pelos bolsonaristas no domingo passado com o objetivo de protestar contra o ministro Alexandre de Moraes, tenha reunido uma dúzia de “gatos pingados” no espaço alternativo, isso não significa que os extremistas de direita rondonienses sejam poucos. Há diversos motivos que explicam por que o evento flopou, mas os eleitores que declaram reprovar a gestão petista são maioria absoluta. A última pesquisa a que este cabeça-chata teve acesso revela essa rejeição, que dificilmente mudará em 2026, em Rondônia.
RECURSOS
Não havendo outro imprevisto, o presidente Lula deverá desembarcar em Porto Velho esta semana, trazendo na bagagem um volume portentoso de investimentos para infraestrutura viária e outras áreas essenciais ao desenvolvimento estadual. Os próceres da comunicação presidencial conhecem e municiam o presidente sobre os índices negativos de rejeição dos rondonienses ao seu governo, mas isso não impede que Lula visite o estado e anuncie a liberação de novos recursos - o que demonstra sua capacidade de não contaminar as divergências estaduais de cunho ideológico, cujo governador é seu opositor, com o interesse público do povo brasileiro. Reside aí a incomensurável diferença entre um estadista e um golpista.
AUSÊNCIA
Exceto pelo senador Confúcio Moura, provavelmente os demais membros da bancada federal de Rondônia vão boicotar a visita presidencial para o lançamento da ponte que liga Guajará-Mirim a Guayaramerín. É uma obra grandiosa e única no estado, fazendo a ligação terrestre com a Bolívia, e a ausência de parte das nossas autoridades políticas não significará perda de apoio eleitoral, pelo contrário, uma realidade que reflete o anti-lulismo do rondoniense.
LINGOTE
A apreensão de cem quilos de ouro em Roraima pela PRF dá pistas de que o metal precioso tenha origem na garimpagem ilegal de Rondônia. Quem navega pelas águas do Madeira, que margeiam o município de Porto Velho, testemunha a imensa quantidade de dragas que exploram ilegalmente o ouro sem um combate diário das autoridades. É uma exploração danosa não apenas do ponto de vista da evasão de divisas, mas, sobretudo, pela forma predatória de uso criminoso do mercúrio como meio de separação do metal dos sedimentos do Madeira. A cada lingote extraído, são lançadas quantidades enormes de mercúrio no rio, contaminando os peixes e as águas. Não bastam ações eventuais, é preciso combate diário a esse crime, antes que seja tarde.
ENTREVISTA
O secretário de Estado do Meio Ambiente, Marco Antônio Lagos, em entrevista ao podcast Resenha Política - que vai ao ar na próxima semana - avisou que a pasta não aceitará a instalação anárquica de ações predatórias aos interesses ambientais sob sua responsabilidade e, portanto, aplicará a lei àqueles que insistirem em descumprir a legislação ambiental. De acordo com ele, as queimadas que causaram tantos problemas no ano passado não causarão neste ano na mesma proporção.
CAOS
Segundo o secretário, este ano as queimadas ocorrerão outra vez, mas em densidades menores do que no ano passado. “Estamos atentos para combater todos os crimes ambientais. Como há, tradicionalmente, uma insistência cultural em tocar fogo em pastagens, terrenos e roças por ser mais barato e vantajoso, atuamos preventivamente explicando os malefícios que essa prática causa à saúde e à cadeia ambiental estadual, mas também atuamos de forma firme e ostensiva para que não se repita o caos ambiental de 2024”, disse Marco Antônio Lagos.
REPERCUSSÃO
A entrevista com o irmão do governador, Sandro Rocha, atual diretor-geral do Detran, teve enorme repercussão em razão das denúncias sobre supostos malfeitos na pasta, por, em tese, privilegiar uma empresa da qual ele foi diretor pouco antes de assumir o cargo. Rocha respondeu a todos os questionamentos e adiantou que não teme eventuais investigações relacionadas aos fatos tornados públicos.
Amanhã, no mesmo podcast Resenha Política, entrevistaremos o empresário da comunicação Everton Leoni. Ele faz revelações sobre seu retorno à vida política que nem em seus próprios veículos foram divulgadas. Além da expertise na área, Leoni traz um relato interessante sobre sua ascensão empresarial desde que arrendou a primeira rádio da capital, que pertencia à Igreja Católica. Rebate, no entanto, um boato surgido à época de que teria se apropriado “na mão grande” desse veículo de comunicação. Vale a pena conferir.
AUTOCONTENÇÃO
Na próxima terça-feira, no podcast, Márcio Nogueira, presidente da OAB-RO, faz críticas ao STF e aponta a autocontenção como caminho para o melhor desempenho das funções da nossa corte constitucional. Na sua opinião, o tribunal deveria voltar a julgar questões de natureza estritamente constitucional e evitar atrair matérias típicas de instâncias inferiores, que denotam intromissões desnecessárias à sua atuação — a exemplo das ações criminais em andamento.
Crítico voraz da sentença do Tribunal Superior Eleitoral que inabilitou Jair Bolsonaro por abuso de poder político na reunião com embaixadores, Nogueira não vê naquele encontro elementos robustos para a caracterização do crime que deixou o ex-presidente inelegível.
LOROTA
O ex-vereador de Ariquemes, Rafael Fera, tomou posse como deputado federal, substituindo o deputado Lebrão, após novo entendimento do STF sobre o cálculo das sobras de votos para as vagas. É lorota que ele perderá a vaga para o suplente em razão da cassação do mandato de vereador.
Nas eleições estaduais passadas, quando Fera disputou o cargo de deputado federal, seus direitos políticos estavam em conformidade com a legislação eleitoral, razão pela qual sua candidatura foi deferida. A insurgência dos suplentes é puro jus esperneandi — ou seja, lorota, nada mais.
LERDEZA
Ainda aguarda julgamento no Tribunal Regional Eleitoral uma ação contra candidaturas falsas de partidos que supostamente burlaram as cotas femininas nas últimas eleições de vereadores na capital. Já houve cassações no interior de vereadores eleitos por meio dessa fraude, o que pode se repetir em Porto Velho.
O correto seria que os processos que questionam manipulações das regras eleitorais tramitassem com maior rapidez, para servir de exemplo nas próximas eleições.
Outro caso envolve rumores de abuso de poder por um ex-secretário municipal, com elementos razoavelmente robustos de crime eleitoral ocorrido na entrega de casas habitacionais. A lentidão irrita os que disputaram e perderam a eleição, embora a Justiça siga um rito processual necessário para evitar nulidades constitucionais.
RIFADO
O gesto de Jair Bolsonaro, divulgado nas redes sociais ao escrever na camisa do senador Marcos Rogério a frase “meu senador”, pode ser um péssimo sinal para o bolsonarista Bruno Scheid, pré-candidato ao Senado por sugestão do ex-presidente.
PULVERIZAÇÃO
A princípio, Marcos Rogério (PL) tem seu nome bem avaliado para governador, mas nunca escondeu que sua decisão sobre a candidatura estará condicionada ao apadrinhamento do ex-presidente. Mesmo com duas vagas senatoriais, não há espaço no mesmo partido para dois candidatos com o mesmo perfil, especialmente do mesmo colégio eleitoral.
Some-se a isso a profusão de candidaturas ao Senado professando a mesma matriz ideológica, o que termina por pulverizar os votos e abrir caminho para um candidato com perfil mais ao centro.
ANONIMATO
Na hipótese de Marcos Rogério desistir do governo e disputar a reeleição, Bruno Scheid será rifado. Com Bolsonaro preso e sem poder declarar apoio nas eleições, ele retornará ao anonimato mais rápido do que imagina. Política tem um tempo que nem o próprio tempo sabe a hora de decifrar. Quem habita o anonimato, anônimo sempre voltará.
APOSTA
Nenhum comentário:
Postar um comentário