Marcadas por seu silêncio nas ruas, as motos elétricas estão fazendo cada vez mais barulho no mercado brasileiro. Em julho deste ano, uma pesquisa da Webmotors revelou um aumento 238% na busca por motos elétricas zero-quilômetro neste ano em relação a 2023.
Em relação aos emplacamentos, a Fenabrave aponta um crescimento ainda discreto desse mercado. Mesmo diante da grande economia promovida pelos modelos elétricos em relação aos movidos à combustão e enorme contribuição ao meio ambiente, ainda restam muitas dúvidas sobre outras características das elétricas. Então vamos esclarecer de uma vez por todas alguns deles.
Motos elétricas não têm a mesma performance das motos a combustão
Isso é mito! Na verdade, este é um dos maiores equívocos sobre as motos elétricas. A realidade é que, por usarem motores elétricos, essas motos têm um torque instantâneo que permite acelerações rápidas e o uso da potência máxima daquele motor desde a largada.
Por isso, os motores elétricos têm torques superiores aos motores à combustão, pois são projetados para entregar potência máxima imediatamente, garantindo uma aceleração eficiente em baixas velocidades. Quem já pilotou uma moto elétrica sabe que a experiência é fluída e muito responsiva. Algo que muitas motos à combustão, especialmente de baixa cilindrada, não conseguem oferecer.
Moto elétrica tem pouca autonomia
Também é mito! Esse argumento já foi verdade, mas a tecnologia tem permitido o tornar cada vez mais um mito. Hoje, muitos modelos de motos elétricas possuem uma autonomia que pode chegar a 100, 150 ou até 200 km em apenas uma recarga.
Além disso, pensando em um uso urbano — que é o mais comum —, esse número é mais do que suficiente para a maioria dos deslocamentos diários, especialmente as idas e vindas para trabalho, compromissos diários e até para serviços específicos como segurança patrimonial, visitas comerciais, entre outros.
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Mais um argumento é que as baterias estão com tempos de recarga cada vez menores, e várias empresas estão investindo em infraestruturas de carregamento, em baterias e carregadores com carga rápida, que permite que o usuário consiga uma autonomia de cerca de 80% da total em apenas duas horas na tomada. Isso sem falar na facilidade de poder levar a bateria para recarga em qualquer lugar.
Manutenção das motos elétricas é mais barata
Isso é uma verdade. Motos elétricas possuem menos peças móveis em relação às motos à combustão. Isso significa, naturalmente, menos desgaste e, consequentemente, menor necessidade de substituição. Não há necessidade de trocas de óleo, ajustes de válvulas ou trocas de filtros, o que resulta em uma economia de tempo e dinheiro ao longo da vida útil da moto.
As fabricantes costumam ter programas de revisão por quilometragem, o que aumenta a segurança no processo, além da oferta de garantia mais extensa nas principais peças da moto elétrica: motor e bateria.
Motos elétricas são muito caras, por isso não valem a pena
Mais um mito! Embora o preço inicial de aquisição de uma moto elétrica zero-quilômetro ainda possa ser considerado maior quando comparado a uma à combustão equivalente – muito em razão da possibilidade de adquiri-las usadas -, é crucial considerar o quanto é possível economizar no contexto geral. Pontuadas as questões de manutenção, outro ganho econômico é na rodagem.
É possível obter uma economia de até 80% ao comparar o que desembolsaria em energia elétrica ante o custo dos abastecimentos. Isso quer dizer que o custo por quilômetro rodado se torna muito mais baixo quando colocado na ponta do lápis. Atualmente, é possível comprar uma moto elétrica da mesma forma como se compra uma à combustão, seja via financiamento, consórcio ou até à vista. Ou seja, com os avanços que já houveram até aqui em termos de custos e tecnologia e os que ainda estão por vir, ficará cada vez mais acessível ter um veículo elétrico na garagem.
Ainda há poucas motos elétricas na rua. Devem ser muito problemáticas
Tem uma verdade e um enorme mito nessa frase. É verdade que a indústria de motos elétricas está em crescimento gradual. São constantes as inovações em tecnologia de baterias, infraestrutura de recarga e design de veículos. Essas são as principais ações tomadas pelo mercado de elétricas para superar objeções e entregar produtos ainda mais eficientes. É um grande mito que as motocicletas sejam problemáticas, afinal, como citado acima, sua construção é muito mais simples quando comparada à das motos à combustão.
Isso por si só já diminui consideravelmente possíveis problemas que possam apresentar com tempo de uso e desgaste natural de peças. A bateria, por exemplo, item que representa cerca de 40% da estrutura das motos elétricas, caso necessite ser integralmente substituída, custa menos de 30% do valor de uma moto zero-quilômetro.
Mais detalhes das baterias de motos elétricas
A vida útil da bateria é de cerca de 2 mil ciclos com capacidade máxima. Isso não significa que ela deixará de funcionar após esse número de recargas, mas que perderá gradualmente sua eficiência, como a bateria de um celular, por exemplo. E nem sempre será necessário substituir uma bateria integralmente. É possível recondicionar a bateria, reparando apenas as células que foram danificadas, o que a torna novamente eficiente por mais tempo.
Essas são apenas algumas das dúvidas e opiniões comuns entre consumidores e céticos do mercado de elétricos. Fica claro que as empresas do setor estão investindo fortemente em soluções que contribuam para o contorno de objeções e em esclarecer alguns mitos acerca desses produtos.
Deixo um convite para todos que leram até aqui para que consumam mais conteúdos sobre motos elétricas. Há diversas fontes de informação e tipos de comunicação sobre o tema, como comparativos em relação às motos movidas à combustão, lista das mais acessíveis, as que têm maior autonomia, entre outros. Assim teremos cada vez mais pessoas com opinião embasada sobre esse tema e capazes de multiplicar a imensa contribuição delas para uma mobilidade urbana mais sustentável e econômica.
Fonte -*Rodrigo Gomes é fundador e diretor comercial da Watts, fabricante de motocicletas elétricas do Grupo Multi
**A opinião é de total responsabilidade do articulista e não necessariamente reflete o ponto de vista da revista MOTOCICLISMO
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