sexta-feira, 1 de junho de 2018

DEUS NOS FALA

Marcos 2,23-3,6

Esse Evangelho mostra a transgressão do sábado por parte de Jesus. Revela-nos o que é de fato a liberdade cristã e como podemos acolhê-la por meio da cura da mão. Israel tinha muitas leis para respeitar o sábado. Por exemplo: os israelenses não se podiam fazer 39 trabalhos principais que, por sua vez, eram subdivididos em 39 trabalhos secundários, dando um total de 1521. Proibia-se percorrer mais de 480 metros. E quem não obedecia era punido até a pena de morte (Ex 31,15). Tudo isso, devemos compreendê-lo a partir das circunstâncias históricas daquele tempo.

O sábado é o dia em que Deus repousou depois da criação e, portanto, também o ser humano repousa depois dos dias de trabalho. Respeitando o sábado, o ser humano declara a sua total dependência de Deus, Senhor de toda a criação. Para nós, cristãos, o sétimo dia é também sinal da Ressurreição, do mundo que nós esperamos com fé e do repouso sem fim. Os princípios sobre os quais se fundamenta a lei do sábado são traídos quando aquela lei se observa como fim em si mesma, isto é, na maneira simplesmente legalística. O evangelista aqui denuncia esse legalismo que chega até matar as pessoas.

Às vezes, acontece também entre nós que uma excessiva observância das leis não se consegue mais perceber a profundidade das pessoas, como melhor promove-las. Por que as leis não ajudam as pessoas? De fato, o projeto de Deus desde o início era que que o sábado devia servir para que? Para o repouso do ser humano, da sua criatura. Assim sendo, não devia ficar escravo, totalmente dependente da lei, mas convida-lo a ser um imitador de Deus. Repouso e não aflição. Por isso, o Mestre Jesus se opõe firmemente a tudo e todos que se amarram às exterioridades legais.

Observar as leis com espírito legalístico é muitas vezes a tentação de cada pessoa religiosa. Quem possui essa atitude irremovível, legalística, não poderá compreender o mistério do Reino de Deus. Para os fariseus e para as religiões, o bem ou o mal dependem da observância ou não da lei; no entanto, para Jesus Cristo, é bem aquilo que faz crescer o ser humano bem e de maneira harmoniosa. Na prática, as leis devem promover a liberdade e não a escravidão. Assim sendo, a lei tem uma função bem pedagógica. E a cura do homem na sinagoga da mão atrofiada simboliza que é incapaz de viver na plenitude a sua vida, e a religião com as suas leis não consegue ajuda-lo. No entanto, Jesus lhe dá essa força de vida.

Saber acolher a vida é um dom de Deus e poder dos nossos méritos. Concluo dizendo: ‘a religiosidade que não produz pessoas que saibam amar, mas somente exclusivamente servidoras das leis, é inútil’.

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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