Evangelho de Lucas 1, 57-66.80
O trecho do evangelho de hoje nos narra o nascimento do grande profeta João Batista. Parece que esse nascimento, se fosse comparado aos nossos dias, poderíamos dizer que teria preenchido todas as primeiras páginas dos jornais do mundo inteiro e da mídia toda. Naquele tempo, foi uma extraordinária repercussão, entre maravilhas e espanto, que marcou a vida do povo de Israel. Com isso, podemos compreender como Deus é presente e age na vida do povo. Ele, absolutamente, não o abandona, porque o seu projeto é de vida, de vida para sempre. Mas o seu povo está em perigo, e por isso resgata-o com o projeto definitivo de envio do seu Filho. Para isso, precisa prepará-lo. Eis aqui o profeta João. Uma pessoa de personalidade bem firme e corajosa. A sua pregação não tem meios termos e denuncia a hipocrisia religiosa do seu povo. Aos filhos de Israel, que fazem questão de dizer que são descendentes de Abraão, lembra-lhes que Deus sabe suscitar filhos de Abraão até das pedras. Com isso, significa que não é suficiente pertencer a um povo ou a uma religião para ter a salvação, mas na fé e na vida. Retornando a Zacarias, pai de João, ele faz questão que não pode ter o seu nome. O significado de Zacarias é ‘Deus se lembra’. Nesse sentido, agora chegou à hora para cumprir as promessas de Deus e, portanto, se passa para uma nova fase da história da salvação, onde o Senhor tem misericórdia com o seu povo. E o nome de João justifica, portanto a escolha, porque quer dizer ‘Deus é misericórdia’. Com o nome, assim, se identifica a missão de João. O precursor de Cristo, que convida todo mundo a se preparar para receber o Messias. É interessante notar que Zacarias ficou mudo até decidir o nome do filho, como estabelecido pelo plano de Deus. Duvidar do projeto de Deus, da sua presença, nos leva a não ter capacidade de proclamar as obras de Deus no nosso meio. A mudez de Zacarias, quantas vezes nos representa? Quando queremos fazer prevalecer os nossos projetos sem deixar o espaço a uma experiência que se abre ao Altíssimo. As nossas incapacidades de falar sobre a presença de Deus na nossa vida nos afastam em fazer uma verdadeira comunhão com o próximo. E terminando o evangelho diz que João crescia e fortalecia em espírito. Não é suficiente crescer no corpo, onde uma sociedade materialista sabe fazer muito bem, mas precisa também da dimensão espiritual. A nossa vida tem que ser completa para compreender a nossa condição de filhos e filhas de Deus. Enfim, Zacarias duvidou, mas depois soube recuperar essa confiança em Deus não se deixando condicionar pelos outros. E você, perante as duvidas, sabe também derrotá-las dando mais importância na prática da fé? Sabe valorizar momentos de ‘deserto’, de oração e de contemplação da Palavra de Deus no seu dia a dia?
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestrado em missiologia e comunicação.
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