"O cerrado é como uma floresta ao contrário, maiores que as copas. Elas são responsáveis por absorver a água da chuva e depositá-la em reservas subterrâneas, os aquíferos", explica o professor da Pontífica Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e diretor do Instituto de Trópico Subúmido, Altair Sales Barbosa.
Segundo o especialista com o desmatamento e a diminuição da vegetação nativa, responsável por levar água para asa regiões mais profundas, os aquíferos chegaram ao nível de base, ou seja, deixaram de abastecer diversas nascentes.
"A quantidade de água existente nesses aquíferos já chegou ao seu nível mínimo. E como se fosse uma caixa d'água com vários furos. Os furos são as nascentes. Quando ela está cheia, água sai por muitos fruros. Conforme vai esvaziando, vai saindo nos furos mais inferiores, até chegar ao último furo e há um momento em que não sai mais. Estamos em uma momento em que (a água) está saindo, mas de maneira muito rudimentar, menor do que saía há 20, 40 anos", diz o especialista. Segundo ele, cerca de dez rios desaparecem na região anualmente.
O professor ressalta que, uma vez degradado, o cerrado não se recupera totalmente. Também é difícil cultivá-lo. Das 13 mil espécies vegetais catalogadas, apenas 180 são produzidas em viveiro.
"O cerrado é diferente da Amazônia e da Mata Atlântica, por exemplo. Enquanto esse biomas têm 3 mil e 7 mil anos, o cerrado tem mais de 45 milhões de anos que se completou totalmente. Como ele é muito antigo, evolutivamente já chegou ao seu clímax. Uma vez degradado, não se recupera jamais na plenitude de sua biodiversidade".
Fonte: Agência Brasil
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