O apego prejudicial que está dentro de você

O ano de 2015 já começou e está chegando ao seu 6º mês. Isso não é nenhuma novidade para mim ou para você, mas ter a noção do tempo é importante para para não se esquecer de que as horas passam e as datas do calendário também.

O dia acaba e você não pode voltar os ponteiros do relógio. Você o deixa seguir e se prepara para o amanhã. A lógica parece simples e óbvia, pois não podemos controlar o tempo. Mas, ao assumirmos o controle da nossa própria vida, será que aceitamos encerrar ciclos e nos libertar de tudo o que já chegou ao fim?

Não podemos pausar as nossas vidas, mas devemos fazer escolhas: eu quero continuar acumulando o que não me faz bem ou me livrar do que impede o meu crescimento? Os vínculos pessoais e materiais contribuem para a construção da nossa identidade. O problema é quando eles se transformam em dependência. Isso faz com que muitos insistam em viver determinadas situações ao lado de pessoas ou coisas que já não são mais adequadas. As consequências? Deixar de alcançar objetivos e adquirir novas experiências pelo simples fato de ficar apegado a tudo o que não faz mais sentido.

Evolução

Citamos o exemplo da Jandira, de 22 anos, acumulou mágoas e sentimentos na adolescência. Alimentou um amor não correspondido e só conseguiu se libertar quando percebeu que aquilo a impedia de evoluir. "Eu alimentava um sentimento por uma amor de infância. Morei um ano em outro Estado, na Paraíba. Quando voltei para São Paulo, não conseguia me desapegar daquele sentimento que não era correspondido. Eu tinha um sonho de casar com ele, não enxergava mais nada além dele. Hoje, eu entendo que não era bom para mim. Consegui me livrar das emoções, porque entendi que não eram saudáveis.

Se você não abir mão do que é velho e ultrapassado, como vai deixar algo novo entrar na sua vida? Quando o assunto é apego material, a personal organizer Márcia Kohler  sabe bem o quanto o acúmulo de objetos pode gerar perda de tempo e desorganização. Em seu trabalho, ela ensina a importância  de desapegar, reciclar e renovar a casa e o guarda-roupa sem grandes sofrimentos. "Eu aconselho a pessoa a fazer uma autorreflexão. Pensar o quanto a organização pode beneficiar o lugar. Quando você tem uma casa cean, com poucos objetos e pouca informação, você tem mais espaço de circulação e de aproveitamento. Vale pensar: eu preciso disso de fato? Se eu deixar esse espaço tão poluído, isso vai ser bom para o lugar? É importante ter ou não ter tal objeto", orienta.

Mas desapegar não é algo tão simples assim. O que eu percebo é que quase todas as pessoas têm a sensação de que vão precisar daquela peça ou objeto em algum momento. As peças vão se acumulando e a pessoa não descarta. Tem o ditado que diz que o que não é visto, não é lembrado", completa.

Por isso, para começar a desapegar é importante separar o que você usa com frequência e o que está em desuso. "Se a pessoa compra três peças de roupa, ela pode descartar três que já não usa mais. Não precisa ser nessa proporção. Mas é importante descartar. Se fizer dessa forma, a probabilidade de acumular coisas que não são usuais são menores".

O jornalista Marcos Oliveira, de 34 anos, conta que demora para se desfazer dos objetos que compra ou ganha dos amigos. Garante que é organizado, mas está enfrentando um desafio que o obrigará a ser desfazer de muitas coisas. "Eu acabei de comprar um imóvel e estou saindo de uma casa de 200 m² para um apartamento de pouco mais de 44 m². Não tenho espaço para guardar todos os meus livros", conta. A solução ele já encontrou. "Estou vendo a possibilidade de doá-los a uma biblioteca. São livros que eu já li e não vou mais usar, então, o melhor é passar para frente".

O exemplo de Marcos vale para tudo o que você decidir desapegar ao se libertar do passado, voc~e estará mais leve para enfrentar outros desafios e realizar novas conquistas.

Desapegue-se

• Para começar, defina a "semana do desapego". Escolha um período para fazer uma faxina geral na sua casa ou quarto. Uma arrumação é o primeiro passo para identificar tudo o que você tem guardado.
• É possível que você encontro objetos esquecidos. Se eles estão sem uso, abandonados nas estantes e gavetas, avalie a utilização. Eles merecem um cantinho na sua casa ou apenas ocupam espaços?
• Se você não usa mais o objeto, mas ele pode ser útil para outra pessoa, que tal fazer uma doação, verifique se vale a pena consertá-lo. Se está sem uso, quebrado ou não tem conserto, é sinal de que deve ser descartado.
• O mesmo vale para o seu guarda-roupa. Se ele está desorganizado e cheio de peças amontoadas, faça uma arrumação dedicada. Separe as peças em três categorias: "usar", "doar" e descartar". Essa dica vale para roupas, livros, e todos os objetos que você armazena em sua residência.
• Depois de ficar apenas com o que for realmente útil, arrume tudo em seus devidos lugares. Com os espaços limpos e organizados, tudo ficará mais leve. Até mesmo para armazenar as suas próximas aquisições.
• E para o relacionamento com pessoa, também vale a mesma regra. O passado, é passado. Solte "as amarras" e viva mais feliz.

Fonte: Folha Universal - São Paulo/SP