O salmo 102, das Sagradas Escrituras, é por excelência um hino de louvor, de agradecimento ao Senhor. O ser humano manifesta toda a sua gratidão a Deus. Leia atentamente esta belíssima oração.
"Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que existe em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e jamais te esqueças de todos os seus benefícios. É ele que perdoa as tuas faltas, e sara as tuas enfermidades. É ele que salva tua vida da morte, e te coroa de bondade e de misericórdia. É ele que cumula de benefícios a tua vida, e renova a tua juventude como a da águia. O Senhor faz justiça, dá o direito aos oprimidos. Revelou seus caminhos a Moisés, e suas obras aos filhos de Israel. O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. Ele não está sempre a repreender, nem eterno é o seu ressentimento. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos castiga em proporção de nossas faltas, porque tanto os céus distam da terra quanto sua misericórdia é grande para os que o temem; tanto o oriente dista do ocidente quanto ele afasta de nós nossos pecados. Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem, porque ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó. Os dias do homem são semelhantes à erva, ele floresce como a flor dos campos. Apenas sopra o vento, já não existe, e nem se conhece mais o seu lugar. É eterna, porém, a misericórdia do Senhor para com os que o temem. E sua justiça se estende aos filhos de seus filhos, sobre os que guardam a sua aliança, e, lembrando, cumprem seus mandamentos. Nos céus estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu império se estende sobre o universo. Bendizei ao Senhor todos os seus anjos, valentes heróis que cumpris suas ordens, sempre dóceis à sua palavra. Bendizei ao Senhor todos os seus exércitos, ministros que executais sua vontade. Bendizei ao Senhor todas as suas obras, em todos os lugares onde ele domina. Bendize, ó minha alma, ao Senhor."
O judaísmo deu um grande destaque a este salmo, tanto que o colocou na liturgia do Kippur, a solenidade da Expiação. Até a tradição cristã e toda a cultura ocidental lhe dão um ‘amplo respiro’, reconhecendo a suma importância deste hino. É um hino de alegria que se canta a Deus. É uma meditação sapiencial sobre a limitação da vida humana que depõe toda a confiança à misericórdia eterna de Deus. O salmo se divide em duas partes.
Na primeira parte, exalta-se, justamente, o amor e a misericórdia de Deus. Um Deus que se apresenta com um rosto tenro, de piedade e de compaixão. Seguem uma lista de nomes atribuídos a Deus: Aquele que perdoa, o Salvador, que coroa, o Juiz, o Revelador, o Tesouro, o Piedoso, lento para a cólera, cheio de clemência...
Na segunda parte do salmo, evidencia-se o encontro do amor de Deus com a fragilidade humana. Uma ternura de Deus sem fim. Tudo isso é citado por essas imagens: “tanto os céus distam da terra quanto sua misericórdia é grande para os que o temem”. E também “Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem”. Assim sendo, Deus revela-se pai não somente de Israel, mas também de cada pessoa. E para descrever a fragilidade humana que pode ser salva, o salmista cita o oleiro: “ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó”. Além disso, fala de uma flor maravilhosa a vida do ser humano: “Ele floresce como a flor dos campos. Apenas sopra o vento, já não existe.” Porém Deus se aproxima dele e o envolve com a sua compaixão. Desta forma, o salmo exalta a bênção e o louvor que o ser humano exprime nesta experiência amorosa do nosso Deus.
E o papa Francisco, durante a homilia que fez na capela Santa Marta, disse o seguinte: “O Deus fiel não pode renegar a si mesmo, não pode nos renegar, não pode renegar o seu amor, não pode renegar o seu povo, não pode renegar porque nos ama. Esta é a fidelidade de Deus. Quando nos aproximamos do sacramento da penitência, por favor: não pensar que vamos à lavanderia para tirar as sujeiras. Não. Vamos para receber um abraço de amor deste Deus fiel que nos espera sempre. Sempre... Ele é fiel, ele me conhece, me ama. Jamais me deixará só. Ele me leva pela mão. Que mais posso querer? Que mais? Que devo fazer? Exultar na esperança, porque o Senhor ama você como pai e como mãe.”
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação
Nenhum comentário:
Postar um comentário