Nos Estados Unidos, são poucos os que conhecem os membros da Suprema Corte. O grupo é extremamente cuidadoso com suas vidas pessoais, raramente aparece na mídia; é exceção à regra ouvir algum deles dando pitacos sobre questões que não lhes dizem respeito. São nove juízes (três mulheres). Entre elas a mais jovem, Elena Kagan, de 57 anos, que certamente pouquíssimos americanos e ainda menos brasileiros ouviram falar. Tanto quanto o Supremo Tribunal Federal do Brasil, a Suprema Corte é a última instância da Justiça americana. Raramente é contestada, mesmo quando toma decisões polêmicas. Lá, como aqui, as nomeações são do Presidente da República e os cargos são vitalícios. Param aí as semelhanças. Nos últimos anos, nosso STF se transformou numa espécie de arremedo do que deveria ser, principalmente pelo efeito midiático que tomou conta não só de algumas decisões que afetam as vidas de milhares e milhares de pessoas, como, principalmente, pelo desesperado esforço da maioria dos membros da corte, em se tornarem estrelas da TV e das redes sociais. Ministro bate boca com ministro. Publicamente. Ministro, usando palavras rebuscadas e um português irretocável, ataca seu colega publicamente, recebendo, em troca, “carícias” verbais do mesmo naipe. O mais recente confronto, que chegou à baixaria, foi entre um antigo membro do STF, o controvertido Gilmar Mendes contra o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot. Nos Estados Unidos e outros países, onde a Corte maior tem grande respeito, se alguém dissesse que um ministro cometeu uma espécie de “diarreia mental”, como o disse Janot, em outras palavras, o mundo viria abaixo. Aqui não, Gilmar retrucou. Janot revidou. O circo foi novamente montado, para gáudio dos que torcem por um país cada vez pior e para tristeza dos que ainda sonham com uma Pátria decente.
Infelizmente, essas confrontações públicas envolvendo membros da nossa Corte Suprema, pelo jeito vão continuar. Ministro contra Ministro. Ministro contra Procurador. Políticos contra Ministros. Membros do MP contra ministros e Ministros contra membros do MP. No Brasil onde os egos são muito maiores que o respeito e o patriotismo, ficamos todos nós, povo, boquiabertos, assistindo a tudo isso. Além do Chapolin Colorado, e agora, quem poderá nos defender?
GOLPE EM GUAJARÁ - A operação da Polícia Federal e Receita Federal, anunciada um dia antes, com exclusividade, por essa coluna, foi realizada em Guajará Mirim e nada tinha a ver com os problemas da carne ou da Lava Jato. Foi uma ação a um golpe contra a Receita, com várias empresas – embora não tenham tido seus nomes divulgados, muitas delas são bastante conhecidas – usando endereços fictícios naquela cidade, apenas para se locupletarem com benefícios fiscais, concedidos à áreas de fronteira, como Guajará. O estrago entre os sonegadores foi grande. Praticamente dez por cento de toda a força empresarial da cidade foram envolvidas e denunciadas na Operação Caça Fantasmas. As empresas sonegavam milhões de reais por ano. Espera-se que os nomes delas sejam amplamente divulgados pela PF e Receita e que todos os sonegadores sejam processados e, os que comprovadamente cometeram crimes, sejam exemplarmente punidos.
NA CORDA BAMBA - No seu Blog, o governador Confúcio Moura se uniu às vozes de dezenas de autoridades de todo o país e também protestou contra a forma da divulgação da Operação Carne Fraca. Escreveu: “a operação da Polícia Federal puniu muita gente, sem precisar de audiência, de delação, de sentença escrita. Até em Rondônia, onde não teve nenhuma indústria envolvida, a escala de abate de boi está suspensa. E o preço da arroba do boi está numa corda bamba. Os punidos serão muitos, que não são corruptos, não são bandidos, não são farsantes e nem delinquentes. Mas, simplesmente produtores de proteína para o Brasil e o mundo. Aqui, em Rondônia tenho feito tudo isto, na esfera administrativa. De vez em quando exonero alguém do serviço público, exijo laudos ambientais, sem alarde, somente o natural bate-boca. Depois tudo volta à normalidade”, explicou Confúcio.
EXAGERO DO MÍSSIL - O texto prossegue, lamentando o exagero da ação, que acabou resultando em prejuízos diários de milhões de reais, principalmente para as exportações da carne brasileira, o que atinge em cheio também a produção de Rondônia: “dá para se acertar o alvo com o míssil sem derrubar as escolas, hospitais e igrejas. A abertura de mercado não feita por Governo nenhum, que por sinal, aqui, no Brasil, faz muito bem é atrapalhar com burocracia e impostos. Mesmos assim, nossos empresários são extremamente competentes, furam o nevoeiro comercial interno e abrem caminhos comerciais. Demora muito para tudo isto acontecer. E assim, como se solta um traque, de repente, tudo é jogado na lata do lixo. E a nossa espatifada economia, em frangalhos, pode ter consequências desastradas. Em nome de se combater a corrupção, estamos colocando dinamites em nosso país”, concluiu.
PREJUÍZO INCALCULÁVEL - A bandada federal rondoniense registrou outra unanimidade, nos últimos dias. Além de se posicionar contra a Reforma da Previdência, como está colocada pelo governo Temer, agora deputados federais e senadores se uniram em relação à Operação Carne Fraca. Todos nossos representantes consideraram o trabalho da Polícia Federal positivo, mas a forma como ele foi divulgado, desastroso. É mais ou menos o consenso nacional sobre o assunto. O desespero dos produtores; de toda a estrutura do agronegócio brasileiro e das autoridades do governo federal, resume muito bem o prejuízo incalculável que a trapalhada da PF, no episódio, causou ao Brasil. Uma das mais duras críticas contra os graves danos à economia nacional – e é claro, o agronegócio de Rondônia também está nesse pacote infeliz – veio do senador Ivo Cassol, presidente da Comissão de Agricultura do Senado. Ele chamou de irresponsável a forma como o assunto foi tratado pela PF e destacou que o país pode perder bilhões de reais, em virtude desse erro grave, conforme analisou.
INSULTO E DEBOCHE - Parte dos gaúchos anda protestando contra a decisão de homenagear, com a maior condecoração do Estado, o deputado Jean Willys, que tem, em sua biografia, como único fato relevante, ter participado do programa BBB da Globo e vencido. A homenagem foi proposta pela deputada comunista Manuela D´Ávila, que tem uma beleza inversamente proporcional à sua burrice política. Pior: ela queria ainda que a Assembleia pagasse todas as despesas de Jean Willys durante sua estadia no Rio Grande, mesmo com o alto salário e diárias que receberá. O deputado Marcel Van Hattem, protestou, na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia gaúcha: “ a indicação para receber a medalha do Mérito Farroupilha é uma vergonha. Já é um absurdo, pois ignoro qualquer serviço relevante que o ex-BBB tenha prestado aos gaúchos (desserviços, sim, há uma penca!). Acompanhar a indicação do pagamento de suas despesas com dinheiro da Assembleia seria agregar insulto ao deboche. Sem cabimento!". Disse tudo!
PERGUNTINHA - Por que os nomes de frigoríficos suspeitos, na Operação Carne Fraca, foram divulgados pela Polícia Federal antes que houvesse culpa comprovada ou condenação e, em Rondônia, a mesma PF não divulga os nomes de empresários que sonegaram milhões de reais, em Guajará Mirim?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO
Nenhum comentário:
Postar um comentário