Martin Heidegger |
Martin Heidegger foi um filósofo alemão que marcou o pensamento do século passado e do presente, ajudando-nos a dar razão ao nosso ser. Ele nasceu exatamente em 26 de setembro de 1889 e faleceu em 26 de maio de 1976. Quando jovem, quis ser padre e chegou a estudar teologia na Universidade de Freiburg. Depois, estudou filosofia na mesma universidade. Foi estudante com Edmund Husserl considerado o fundador da fenomenologia. Daí todo o seu encanto para essa filosofia existencialista. Posso dizer que fiquei muito interessado em aprofundar, nos meus estudos iniciais de filosofia e teologia, a questão filosófica sob o aspecto fenomenológico.
Compreender melhor aquilo que aparece, entender o que está por traz de uma palavra ou de um fato, é responsabilidade de todos nós. Não é fácil compreender a manifestação daquilo que é de fato. Nesse sentido, Heidegger nos orienta que a fenomenologia deve ser entendida como "ciência", que objetiva chegar diretamente "às mesmas coisas". Portanto a preocupação maior era de chegar à existências das coisas, mais que a essência delas. O filósofo se opunha à técnica em quanto reduz, em certo sentido, o ser. Segundo ele, as máquinas modernas são inimigas, assim como a democracia inventada pelos ingleses.
Hoje, realmente, somos imergidos pela explosão tecnológica que, de um lado, trouxe progressos na vida do ser humano, mas, por outro lado, gerou muitas inquietudes que ameaçam a convivência das pessoas. Quem não vê todos os dias, pela mídia em geral, fatos inquietantes que nos deixam até sem palavras ou horrorizados? Nesse sentido, Heidegger nos alerta que, se a gente coloca a tecnologia em primeiro lugar, pode provocar graves ameaças ao nosso ser. Praticamente, quis dizer que as máquinas podem fugir do controle das pessoas. As pessoas se tornam escravas delas. No entanto, a tecnologia é um instrumento a serviço do ser humano para promovê-lo.
O filósofo alemão esclarece os desafios que devemos enfrentar e vencer para termos uma boa relação com o fenômeno tecnológico. Queiramos ou não, a tecnologia revela uma maneira de enfrentar a existência, de querer construir condições de convivência social. Uma realidade plasmada pela técnica que determina uma nova maneira de pensar e, naturalmente, de ser. Heidegger acha que o ser humano não é capaz de ter o pleno controle ou consciência dessa situação. A técnica moderna tem uma linguagem que se defere daquele do dia a dia e, ao mesmo tempo, pode escapar do controle das pessoas. Porém, Heidegger acrescenta também que essa tecnologia não deve ser sempre considerado ameaçadora, porque o ser humano tem sempre a última palavra.
Nessa nova ideologia tecnológica, o ser humano é considerado como matéria, consumador desses produtos. Heidegger não teme a tecnologia em si, mas, sim, o seu predomínio absoluto, a dependência total dela que pode destruir a liberdade original de pensar do ser. E nós sabemos como é verdade tudo isso aos nossos dias. A manipulação da técnica para manipular o ser humano. No fundo, as ideologias de hoje, não são ancoradas a essa dependência? Não são sujeitas a essa única ideologia tecnológica? Isto é, o domínio do ser humano sobre ser? Heidegger foi nazista porque achava uma resposta contra o domínio da técnica americanista, porém, ficou desiludido enquanto isso de fato não aconteceu, e, não só, porque a mesma ideologia nazista leva ao pleno cumprimento da adesão à tecnologia, explorando os meios do rádio e cinema para ideologizar as massas populares.
Isto horrorizou o ilustre pensador. Escritos desconhecidos do filósofo, 1.300 paginas em cadernos pretos dos anos 1931 e 1941, vieram à luz nesses tempos em que mostra essa desilusão ao nazismo que não soube se opor, de fato, ao inimigo identificando no povo inglês que inventou as máquinas e a democracia. O filosofo do Ser e do Tempo achava que o povo precisa de uma revolução nacional, de um choque para lhe dar um novo começo. Veja como essas concepções Heideggerianas são ainda presente na nossas realidades. A teoria daquele tempo parece que é ainda teoria atual devido ao pensamento e comportamento de vários segmentos da nossa sociedade. os Hitlers da vida, os autoritaristas não se inventam, mas são frutos de um pensamento de um plano estratégico. Hoje em dia não estamos isentos desse protagonismo de pensamento tecnológico.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, jornalista, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação / Jornal Alto Madeira
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