Consumir algo que se deseja alivia o sistema de recompensa, mecanismo cerebral ligado ao prazer. É viciante, já que produz uma sensação intensa rapidamente. Para o neurocientista Jorge Moll, do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino, porém, o que de fato incita o consumismo é a forma como o mercado renova continuamente seu arsenal de "recompensas". "Surge um estilo novo, associado à celebridade, ao sucesso e à saúde, e você quer se projetar nele. O consumo distrai as pessoas", afirma.
O hábito vira doença quando se torna incontrolável e tem repercussões emocionais e financeiras negativas, incluindo dívidas e conflitos familiares. Embora se aproxime de quadros de dependência e de transtorno obsessivo-compulsivo, estudo recente da Faculdade de Medicina da USP o descreve como uma patologia específica, caracterizada pela dificuldade de controlar o impulso da compra.
"O comparador compulsivo busca satisfação imediata para sua necessidade de aquisição, que é excessiva. Não consegue planejar ou pensar nas consequências", explica a psicóloga Tatiana Filomensky, autora do estudo que envolveu 85 entrevistas.
Associado à busca de alívio para emoções negativas, o consumismo produz tolerância: é preciso comprar cada vez mais para obter cada vez menso efeito. "O compulsivo vive uma sensação devastadora de fracasso depois de comprar, exatamente como o dependente químico", afirma Filomensky.
Segundo ela, alguns fatores influenciam o desenvolvimento do quadro, como predisposição genética, ambiente, problemas emocionais e padrões ensinados pela família. "O consumo é tão comum e estimulado que demora até percebermos um padrão patológico nos hábitos de compra de alguém", diz.
Fonte: Revista Médica
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