sexta-feira, 4 de outubro de 2024

ROBSON OLIVEIRA - Resenha Política

 DEBATE

Foi sem dúvida um debate com regras mais flexíveis, o promovido pela SIC TV entre os candidatos a prefeito da capital, sábado à noite. Quem mais compreendeu a dinâmica dessa flexibilidade foi a candidata do MDB, Euma Tourinho, ao usar a seu favor as regras e interromper várias vezes seus debatedores. A plateia presente ao debate, acostumada com as regras antigas, onde um candidato faz a pergunta e o outro responde, sem conhecer a nova dinâmica, interrompeu várias vezes o debate com palavras sexistas dirigidas à emedebista e com insultos. O mediador foi cirúrgico nas poucas vezes em que foi obrigado a intervir para pedir compostura da plateia senão esvaziaria as galerias. Everton Leoni e seu filho Marlon, proprietários da emissora, mais uma vez deram um show de organização. O evento promovido pela emissora indiscutivelmente é o melhor do gênero. 
DESEMPENHO
Quem esperava dos candidatos propostas exequíveis para a administração municipal teve a oportunidade de ouvir o candidato Leo Moraes (Podemos), o mais bem preparado entre todos, debatendo temas essenciais aos munícipes e fundamentais para uma boa gestão pública. Era um Leo sóbrio, seguro e diferente daquele que em campanhas passadas partia para cima dos adversários de forma contundente e às vezes hostil. Ao abordar saneamento, saúde, educação, gestão de servidor e mobilidade, o fez com competência e clareza sem promessas exageradas que nunca são executadas. Leo errou, em nossa opinião, ao evitar o confronto com as duas candidatas (Marianinha e Euma) mais bem postadas nas pesquisas para que o eleitor pudesse mensurar a diferença de propostas e experiência entres eles. Não foi por receio do embate das ideias, mas por não se concentrar nas regras estabelecidas pela emissora.  Ainda assim foi de longe o melhor em conteúdo entre os candidatos.
NERVOSISMO
Já Mariana Carvalho, candidata do União Brasil, demonstrava nervosismo ao distribuir risos forçados em direção à plateia para esconder a insegurança por ser uma debatedora limitada. Mas soube repetir um discurso elaborado pela assessoria sem atropelos, embora superficial nos temas, inexequíveis na execução. Como é a favorita ao pleito e nome certo na hipótese de um segundo turno, iniciou a participação com estratégia ousada ao fustigar a juíza Euma Tourinho em razão da forma beligerante assumida na campanha. A pergunta cheia de ironia suscitou a ira da adversária que a retrucou com a mesma veemência que sempre a caracterizou. E o fez sem medo de expor e sem filtros que as assessorias costumam colocar. O nervosismo de Mariana estava estampado no sorriso amarelo que distribuía a esmo e a razão apareceu uma nova rodada de pesquisa, divulgada hoje pela CNN, onde aparece pela primeira vez abaixo de 50% nas pesquisas, o que indica estar em queda e a possibilidade concreta de um segundo turno. Mesmo depois do reforço do casal Bolsonaro. Aliás, segundo turno que esta coluna sempre apostou. 
VIOLÊNCIA
Somente um tolo acredita que a média geral dos telespectadores dos debates quer uma discussão de propostas entre candidatos “gentleman”. Infelizmente a memória que se abstrai dos debates são os momentos em que os candidatos trocam farpas e as propostas ficam em segundo plano. Temos lamentavelmente uma população dividida entre dois polos ideológicos, destilando rancor e ódio, o que é nocivo ao debate de ideias. Uma sociedade em escala mundial doentia em que prevalece a violência, especialmente no campo político. As disputas mais virulentas terminam prevalecendo nas paixões eleitorais. Infelizmente! 
RINHA
O debate da SIC TV ficará na memória de quem o assistiu devido ao entrevero entre as candidatas Mariana Carvalho e Euma Tourinho, ainda no primeiro bloco.  Os castos dirão ingenuamente que Euma perdeu o debate por se comportar feito um touro bravo contra a angelical menina do Aparício de Carvalho. Ledo engano, a emedebista usou as regras, mostrou quem de fato é, e a claque convidada pelos partidos da Mariana para comparecer com o objetivo de vaiá-la, caiu na própria cilada que montaram. Euma é a candidata mais falada nas últimas setenta e duas horas após o debate. Ao interromper a fala da concorrente, a juíza sacou seu martelo de agressividade para reagir em ataque frontal à menina Mariana. Institui-se, portanto, a rinha que parte do cidadão médio gosta de assistir, desde a Roma antiga.  Quem apresentou boas propostas ficou em plano secundário. Enquanto a menina Mariana cai nas pesquisas, a endiabrada juíza sobe. E sobe na hora mais apropriada da campanha rumo a uma das vagas no segundo turno. Embora Léo Moraes também dispute a vaga com bravura e retidão. 
MEDIDA
Ao que parece, para o bom observador eleitoral, Euma percebeu antecipadamente que seria alvo de alfinetadas pelo desempenho crescente da campanha e, no entanto, entrou apenas com uma assessora no estúdio, pronta para a briga contra todos os debatedores. Acertou na medida. Não apenas Mariana entrou na rinha da magistrada aposentada, os candidatos autofágicos da esquerda seguiram na mesma direção. Porém, o ponto alto foi sem dúvida a participação do noviço e destemperado Ricardo Frota que, ao ser convocado para perguntas, escolheu exatamente Euma para se queixar da forma descortês com que fora tratado por ela num evento anterior ao debate.
DESMORONAMENTO
Frota estreou na TV (O Novo não dispõe de tempo na TV e Rádio) da forma mais infeliz e amadora para um candidato com telhado de vidro, em razão de ocorrências policiais até então ocultas do eleitor. Cutucou com vara curta a juíza devido ao seu temperamento exacerbado e modos grosseiros, mas recebeu de volta uma invertida em forma de martelada quando Euma Tourinho apresentou ao vivo três boletins policiais de ocorrência em que o candidato do Novo figura como agressor. Frota surpreendido desmoronou e perdeu o rumo nos blocos subsequentes. Saiu do anonimato para as resenhas policiais. 
ESTRATÉGIA
 Euma continuou o debate sendo Euma como sempre foi, seja na magistratura, seja agora na condição de candidata à prefeita de Porto Velho. Embora os desafetos, os convertidos e os apaniguados dos adversários digam que a juíza perdeu o debate, ela mirou na segunda vaga para se habilitar ao segundo turno, daí a estratégia de pugilista verbal da emedebista foi uma tática avassaladora. E é dela que todos falam: para o mal ou para o bem.  O resto é lorota.
AUTOFAGIA
Não passa despercebido a quem professa posições políticas mais à esquerda a autofagia dos representantes deste espectro político na campanha da capital. Numa disputa com sete candidatos, em que cinco se esmeram para ser o mais conservador, o mais direitista e o mais intolerante, Samuel Costa (Rede) e Célio Lopes (PDT, PT e PcdoB) mostraram o porquê a esquerda virou frangalhos na capital. Optaram em se digladiarem e exporem publicamente as contradições do campo que representam.  Foram cenas lamentáveis assistir dois candidatos ideologicamente do mesmo campo se acusarem mutuamente e da forma mais odienta pela qual trataram os oponentes da direita. Foi um deleite para os candidatos da direita assistirem de camarote esta briga uma vez que escaparam da fúria que sempre ocorre quando os dois extremos se enfrentam. Autofagia em estágio esquizofrênico.
COERÊNCIA
Sem dúvida, apesar do equívoco em expor as fraquezas dos partidos da esquerda, Samuel Costa é o candidato mais coerente do campo esquerdista e o mais legítimo para representar este eleitorado. Embora os dirigentes petistas apoiem o candidato pedetista, ex-colaborador do governo Bolsonaro, o militante mais aguerrido pode não seguir a orientação petista e optar pelo candidato da Rede. Costa é o único candidato a prefeito rondoniense Lulista assumido ao defender sem esquiva o legado do petista. A coerência nem sempre foi o forte da burocracia partidária petista. Ela destrói inclusive os militantes que a ela se insurgem. Costa não goza da generosidade da direção petista, mas a prodigalidade nunca foi o forte do petismo. 
CÁTEDRA
Benedito Alves (Solidariedade), mesmo tendo escrito 46 livros conforme declarou, nenhum conhecido do público, insistiu no tema de ser o mais bem preparado entre os candidatos. Consultando seu curriculum lates, possivelmente o eleitor dará razão ao candidato. O problema é que ninguém vota em curriculum acadêmico e o candidato passará pela campanha sem deixar lembrança da peroração intelectual que faz. Exceto este cabeça chata que por ofício olhou rapidamente uma das obras “Beneditinas”, o eleitor, certamente, não vai se interessar em lê-las.  Nem a pregação messiânica de passagens bíblicas que faz nas mídias sociais consegue atrair a atenção do mais crente dos crentes que professam as mesmas crendices. Benedito é sem dúvida uma pessoa afável, cortês e inteligente, mas é um candidato chato, enfadonho e sem verve. Faria sucesso na cátedra povoada por pessoas com as mesmas qualificações intelectuais e messiânicas, além de insuportáveis quando discursam em público.
EXPECTATIVA
Finalmente, a expectativa é verificar no domingo como vai ser o comportamento do eleitor porto velhense que, nas cinco eleições anteriores, aprontou contra as pesquisas e sacou ao segundo turno candidatos que não eram bem avaliados pelos institutos de pesquisas. Ou se confirmará a expectativa disseminada exaustivamente pelas estruturas governamentais de que a menina de Aparício de Carvalho, Mariana, vencerá no primeiro turno. Um eventual segundo turno obrigaria um debate tête-à-tête com um adversário (a), algo que causa pavor na menina. Ela foge deste confronto como o diabo foge da cruz. Embora tenha vaga garantida na final. 
DEBATE II
Quinta-feira, após a novela das 8, a Rede Amazônica (Globo), promove o último debate entre os candidatos a prefeito(a) da capital. É historicamente um confronto mais contido, no entanto, em eleições acirradas, expõe as fragilidades e inexperiências dos debatedores, exatamente nos últimos minutos da campanha em que há uma tendência histórica para o chamado "efeito manada". 
REVIRAVOLTA
Não será surpresa para quem acompanha as eleições da capital um resultado domingo nas urnas bem mais diverso daquele que se espera no momento. Reviravolta, aqui e alhures, não é surpresa. 
PIADA
O Governo de Rondônia anunciou a contratação de aviões e helicópteros para combater o fogo em locais com maior incidência de incêndios. Isto depois que o fogo já transformou tudo em cinzas e a chuva começa a cair. Parece piada, mas não é. É a mesma piada do cachorro correndo atrás do próprio rabo. 
MESTRE
Falando em Governo, é bom que se reconheça que toda a articulação no âmbito dos partidos e bastidores que pavimentaram a vitória da reeleição do governador foi trabalho do jovem Junior Gonçalves que, nesta eleição municipal, repetiu a mesma maestria ao montar o palanque de Mariana Carvalho pelo União Brasil, impedindo que o deputado federal Fernando Máximo fosse o escolhido no grupo. Também é dele a articulação para atrair para o mesmo palanque a maioria dos partidos que compõem a coligação. É um mestre de bastidores que não deve ser subestimado por compreender como poucos como funciona o sistema e usar com competência as ferramentas digitais para capturar a alma do eleitor.  A coluna é crítica aos governantes, o que não impede de reconhecer quem é do ramo.  
ELEIÇÃO
Hiram Gallo foi eleito, nesta terça-feira (1), para mais um mandato no Conselho Federal de Medicina, por unanimidade. É mais um rondoniense em destaque nacional presidindo uma autarquia de profissão regulamentada, a exemplo de Manoel Neri, presidente do Cofen.
AGRADECIMENTO
A coluna agradece ao convite gentil de Everton Leoni para acompanhar o debate entre os candidatos a prefeitos da capital no auditório dos estúdios, onde o evento aconteceu.

Fonte: Jornalista Robson Oliveira / Porto Velho-RO.





Nenhum comentário:

Postar um comentário