O cego Bartimeu, no Evangelho segundo Marcos, é o modelo do autêntico discípulo de Jesus. Sendo fisicamente privado da visão, pela fé ele consegue enxergar aquilo que os outro não viam: Jesus é o Filho de Davi, anunciado e aguardado pelo povo, para que se cumprissem as profecias: "Verão a glória do Senhor e se abrirão os olhos dos cegos" (Is 35,5; 42,7.18). Condenado como pecador pela religião do seu tempo e reprimido por aqueles que estavam com Jesus, Bartimeu não se deixa calar e grita mais forte.
É o grito, por vezes abafado em clamor silencioso do povo prostrado à beira do caminho. Grita que Jesus ouve. Bartimeu larga tudo o que tem (o manto, usadopara pedir esmolas) e levanta-se imediatamente. A iniciativa da fé faz com que recobre a visão, e entãoele passa a seguir Jesus.
Considerando os discípulos e a multidão que estava com Jesus, somos convidados a lançar atenção sobre os que sofrem a doença, o precontceito e a exclusão, sendo para eles presença solidária que encoraja, palavra que anima, mãos que ajudam.
Considerado Bartimeu, que deixa tudo o que tem - diferentemente do homem rico que não conseguiu abandonaras riquezas para seguir Jesus (Mc 10,22) e dos discípulos que pedem poder e prestígio diante da mesma pergunta do Mestre ("O que vocês querem que eu faça por vocês?", Mc 10,36) -, reconhecemos quão importante é tomar consciência de que uma cegueira em nós, não física, nos impende de assumir com fé as mesmas atitudes de Jesus, deixando-nos como que prostados e resignados.
Para os que queremos seguir Jesus, eis a pergunta fundamental, sem rodeios; o que desejamos que Jesus faça por nós? Ou, em outras palavras, o que realmente buscamos na vida? O homem rico vai embora triste e os discípulos abandonam Jesus no Getsêmani. Mas um mendigo que recuperou a visão o segue, transformado pelo encontro, ensinando-nos a mudar a história.
Fonte: Pe. Paulo Bazaglia, ssp / O DOMINGO - semanáriolitúrgico-catequético.
Nenhum comentário:
Postar um comentário