A geração altamente tecnológica ainda é cuidada e educada pelos remanescentes de gerações analógicas
Não está nada fácil a vida de pais ou responsáveis por crianças adolescentes. Tornou-se um desafio hercúleo protegê-los num mundo sem paredes, trancas, portas, janelas ou fronteiras de qualquer natureza, ao qual as novas gerações foram lançadas na era pós-revolução tecnológica.
A recente morte de uma garota argentina, esperta e saudável, de 12 anos, é só mais um dos angustiantes exemplos que surgem diariamente de onde as "asas da liberdade" oferecidas pela internet em geral, e redes sociais em específico, podem levar os pequenos.
A polícia da Argentina tem como principal tese de investigação, dados os fatos colhidos até o momento, que a menina participava do "desafio do apagão", que viralizou no TikTok. A "brincadeira" estimula meninos e meninas a provocarem o autossufocamento até desmaiar. Tudo ao vivo para provar a coragem à "tribo" virtual que ela queira impressionar.
Do tão comum, o desparecimento de pré-adolescentes e adolescentes, arrebatados por uma paixão de internet, enlouquecendo os familiares, muitas vezes com final trágico, já entrou no rol das ocorrências banalizadas até mesmo pelas autoridades policiais.
Assédio sexual, introdução ao universo das drogas, descoberta precoce da pornografia, sexualidade, antecipada e novas modalidades de "desafios" são apenas alguns dos outros riscos já conhecidos e também banalizados. A lista vai longe e é atualizada numa velocidade impossível de ser monitorada.
Por outro lado, nada pode ser mais equivocado do que satanizar o universo digital e o acesso às telas que, na outra face da mesma moeda, descortinaram um maravilhoso mundo novo, onde informação e lugar de fala não são privilégios de poucos nos planos individuais e enquanto sociedade civil organizada.
O impasse na busca de um caminho seguro é mais intenso num País como o Brasil, em que mais de 24 milhões de crianças e adolescentes têm acesso à internet, segundo dados do Comitê Gestor da Internet. Uma geração altamente tecnológica que ainda é cuidada e educada pelos remanescentes de gerações analógicas. Somam-se isso o fato de que 60% dos pais brasileiros não sabem explicar aos filhos os riscos da intenet, conforme revelou uma pesquisa da empresa de segurança digital Kaspersky, divulgada em junho de 2022.
Mas a responsabilidade sobre educação digital de crianças e adolescentes se estende às escolas, professores, gestores educacionais, psicólogos, profissionais da saúde, poder publico e sociedade em geral. A caminhada para uma internet mais segura também deve, necessariamente, envolver os provedores de internet e as big tchs - como são chamadas as empresas por trás dos mecanismos de buscas e redes sociais. É preciso enfrentar as ameaças no mesmo ritimo com que elas se proliferam, o que exige vigilância constante. A responsabilidade sobre a proteção de crianças e adolescentes na internet é compartilhada e assim deve ser tratada.
Fonte: EDITORIAL - Jornal Diário da Região.
Um comentário:
Triste tudo isso que está acontecendo com nossas crianças
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