PONTA-CABEÇA
Nos últimos dois dias o que não faltaram entre os dirigentes dos partidos foram reuniões para os fechamentos das convenções com seus respectivos candidatos. Ainda na quinta-feira da semana passada, data da convenção do PSD, em Rolim de Moura, o mundo político estadual ficou ponta-cabeça com a liminar que o ex-governador Ivo Cassol (PP) conseguiu junto ao STF autorizando o PP a homologar seu nome como candidato a governador. Embora haja outras implicações judiciais diversas do mérito da liminar para que o ex-governador possa conseguir o registro da candidatura, a novidade mudou todo o quadro eleitoral. Independentemente se vai às eleições sangrando ou não, a liminar de Cassol afetou outras candidaturas, em particular as de Marcos Rogério (PL) e Marcos Rocha (União Brasil). E ambos sentiram as baixas entre os apoiadores.
LIMINAR
Mesmo enredado com os problemas judiciais a serem vencidos para que se mantenha na campanha, a entrada de Cassol no pleito revelou que possui uma capilaridade eleitoral razoável e ainda muito viva no inconsciente coletivo de parte da população rondoniense. Poucos candidatos alcançados pela lei da ficha limpa sobrevivem a uma convenção e um número ainda mais estreito se jogaria numa candidatura com um discurso incendiário como fez o ex-governador, mesmo sabendo antecipadamente que há uma distância incomensurável entre o discurso beligerante e o mundo real. Não precisa ser gênio para deduzir que o contexto jurídico é seu maior adversário e que a liminar pode ser derrubada no julgamento do mérito. Além de outras condenações existentes que o enrascam.
REGOZIJO
Bastaria tais fatos jurídicos para verificar que Cassol não é um político qualquer, uma vez que gosta de se regozijar em desafiar o óbvio e, contraditoriamente, convencer uma parcela expressiva de seguidores de que ele pode tudo. E pode, muito, mas nem tudo.
ESCÁRNIO
Até que a Justiça Eleitoral declare definitivamente que Ivo Cassol está apto ou não a concorrer às eleições, algo que pode ocorrer antes do primeiro turno, ele vai incendiar a campanha e dar caneladas para todos os lados numa estratégia de desviar a atenção do eleitor para seu passivo judicial. O goivo adotado, aliado à beligerância, é um escárnio a Rondônia. É Ivo sendo definitivamente Cassol. Os adversários vão ter que engolir, visto que individualmente tem mais votos.
PROJETO
A disputa de um governo estadual deveria ser a oportunidade para que os eleitores tivessem a possibilidade de avaliar os programas de governo. Infelizmente não é o que acontece. Os principais espaços continuam sendo ocupados pelos demagogos, messiânicos e malfeitores. Mas nada disso ocorre sem a complacência dos mesmos eleitores que vez por outra cobram dos seus representantes a assepsia na política que não fazem. Daí o projeto a preponderar é o pessoal.
CONFORMAÇÃO
É perceptível o quanto sentiu o governador Marcos Rocha, candidato à reeleição pelo União Brasil, os efeitos devastadores da última operação policial que culminou com busca e apreensão nas residências de autoridades. Em nota da Sesau, e não do governo, como se um não fosse a extensão do outro, negou peremptoriamente as buscas. Houve sim. Ainda bem que a malfadada nota não negou os fatos envolvendo supostos malfeitos objeto das investigações.
DESDOBRAMENTO
Quem tem acompanhado minuciosamente atento as operações sobre os fatos que vieram à tona, sobre os atos supostamente ilegais na aquisição de testes para covid, percebeu que ainda haverá desdobramentos, e ao que parece, ainda mais barulhentos com reflexos num eventual núcleo político. Tudo que Marcos Rocha não precisa neste início de campanha, uma vez que insiste em se apresentar ao rondoniense como um bom samaritano.
HEURO
Apesar do principal programa governamental ser o “tchau poeira”, a nuvem cinzenta paira nos céus de Rondônia. As obras do Hospital Heuro, anunciadas com pompas numa martelada na avenida paulista, pode vir a ser a maior dor de cabeça do governador. Corre de boca em boca nos bastidores que o projeto de construção tão elogiado pelos apressados de plantão pode virar um baita engodo, para não cravar algo mais grave. É que o suposto investidor de Montes Claros, com um histórico bombástico, estaria tirando o corpo fora. A coluna aguarda algumas informações suplementares para dar os nomes aos bois, mas pode adiantar que o Heuro é uma miragem. E pode virar um dor de cabeça danada para muita autoridade. Tempestade à vista. “Tchau poeira”.
DER
O órgão mais operativo do Governo de Rondônia é sem dúvida o Departamento de Estradas e Rodagens que, em outros governos, sacudiu a política e a justiça. Tudo indica que vai concluir este ciclo sem maiores turbulências (não é derivação de tubos), embora na política nada mais surpreende...
EXPECTATIVA
Os meios políticos aguardam com expectativa a definição do PSD, presidido pelo deputado federal Expedito Neto, sobre com qual dos candidatos a governo vai se coligar. Neto não esconde a ninguém que prefere apoiar o candidato Léo Moraes, do Podemos, mas o martelo ainda não foi batido em razão da indefinição da candidatura ao Senado de Expedito Junior. Definição que sai nas próximas horas e a coluna aposta que a resposta é sim. A coligação com Podemos, idem. Portanto, Junior é candidato a senador e vai compor com a candidatura ao governo de Léo Moraes. Política é, acima de tudo, a arte de dialogar. Até o último minuto.
NOVIDADE
A novidade entre as candidaturas que surgiram após as convenções é o nome do advogado Andrey Cavalcanti compondo a chapa de Expedito Junior na primeira suplência ao Senado. Ex-presidente da Ordem dos advogados de Rondônia e ex-titular do Conselho Federal, tem origem numa família pioneira em Rondônia e transita com leveza entre todas as camadas sociais. Andrey é uma unanimidade e surge estreando como uma boa novidade na política. Profissional dedicado, competente e atencioso assina o nome em uma das maiores bancas da advocacia de Rondônia, com extensão na Capital Federal. Por coincidência, recebe, nesta quinta-feira, homenagem da Câmara dos Vereadores de Pòrto Velho. Junior fez um gol de placa ao escolher para sua suplência alguém com as credenciais do Andrey Cavalcanti numa vaga que sempre é utilizada de forma sorrateira para acomodar familiares sem que o eleitor perceba a manobra.
REPERCUSSÃO
Causou uma certa comoção entre os amigos e correligionários o vídeo do ex-deputado federal Carlos Magno que, pelas versões avexadas, teria sido barrado da pretensão em ser homologado candidato a deputado estadual por Léo Moraes. Não passa de uma leviandade tal versão, uma vez que Carlão – pessoa extremamente querida por todos – havia sido alertado de que a vaga dependeria de um entendimento entre os demais concorrentes, o que terminou não acontecendo.
IMPOSIÇÃO
Com a falta de entendimento entre os pré-candidatos do Podemos, passaram a pressionar Léo Moraes para que impusesse aos seus correligionários de goela abaixo a vaga ao Carlão. Pior é que a exigência de uma imposição de cima para baixo é feita pelas mesmas pessoas que falam em democracia. Será democrático impor uma vontade individual sobre os interesses de um coletivo? Os partidos possuem instâncias próprias e destroçar a ordem natural do apalavrado, como foi o caso concreto, incluído Carlão, é falsear a verdade.
CARLÃO, O CRISTÃO
É verdade que Carlos Magno é vítima de um sistema eleitoral perverso e que ele livremente topou participar. Parece uma incongruência, mas antes de filiar no Podemos, bateu às portas de outras legendas que as mantiveram fechadas mesmo sendo um virtual campeão de votos. Os partidos precisam desse bicho (votos) para sobreviver às eleições. Ocorre que Carlão, para alguns concorrentes, tem capilaridade acima do normal, e para a maioria das nominatas, é contraditoriamente ruim. A estrutura do sistema da federação derrubou a força eleitoral do queridíssimo Carlão. Não foi a primeira vítima e nem será a última, apesar da comoção. O que não é justo é culpar quem de fato não tem a culpa. Como ele próprio se diz cristão, basta falar o que com ele foi palavreado: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. O resto é lorota. E fé cega, com faca amolada.
VICE
Para contornar a situação incômoda e para valorizar a capilaridade eleitoral de Carlos Magno, o Podemos propôs que componha a chapa majoritária na condição de vice-governador, o que ele teria inicialmente rejeitado e reafirmado a vontade de disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. A possibilidade não vinga porque os candidatos homologados na nominata desistem em bloco caso ele seja imposto em ato de força da direção partidária. Eis aí, portanto, o dilema.
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