Pouco lembrados, podem deixar a direção instável e até causar perda de freio
Alguns itens da manutenção da moto são bem difundidos mesmo entre motociclistas com pouca afinidade por mecânica, como o óleo lubrificante do motor. Ou mesmo alguns outros que não se deixam ser esquecidos: quando chega o fim da vida útil de pastilha ou lona de freio, ou de corrente, coroa e pinhão, não dá para continuar rodando com a moto.
Já outros itens precisam de manutenção porque perdem eficiência aos poucos, e só a minoria dos motociclistas sabe realmente quando devem ser trocados. Então vamos destacar aqui três tipos de manutenção da moto que são frequentemente esquecidos e realizados depois do tempo previsto.
O primeiro deles é o fluido do garfo de suspensão, que muitos motociclistas nem sabe que precisa ser trocado. Na maioria das motos o garfo é verificado em todas as revisões em busca de vazamento do fluido ou um funcionamento que não seja progressivo quando é comprimido.
Se estiver vazando fluido, é sinal de retentor rompido. O garfo também não pode estar muito “mole” e sem resistência ao movimento, ou emperrando e difícil de comprimir. Se tudo isso estiver correto, será verificado na próxima revisão ou se for notada alguma diferença no funcionamento.
Para alguns modelos o manual do proprietário recomenda quando trocar, mesmo que ainda não tenha aparecido algum sinal de problema. É o caso da Honda CG 160, modelo que responde por 30% das vendas e é o mais comercializado no país: a substituição é indicada a cada 24.000 km. E se a moto rodar sob condições severas, por estrada de chão com terra e poeira, deve ser antecipada.
Mas por que o fluido do garfo precisa ser substituído? Aos poucos esse lubrificante é consumido e um pouco de sujeira passa pelo anel retentor, contaminando o fluido. A substância se degrada, perde a viscosidade original que regula a resistência ao movimento de compressão e também a capacidade de evitar desgaste entre os componentes e oxidação.
Se o fluido não cumprir a função corretamente, a direção da moto ficará instável e o cilindro interno do garfo se desgastará por causa do movimento sem lubrificação, até precisar ser trocado. É importante que o fluido de garfo seja feito para isso, não pode ser qualquer óleo. E da viscosidade indicada pela fabricante da moto, para que o comportamento da suspensão não mude.
Na hora de substituir, o mecânico tem que seguir a quantidade exata em mililitros recomendada no manual de serviço da fabricante. Porque se entrar mais ou menos, a atuação durante a absorção de impactos será diferente do esperado. E a quantidade precisa ser idêntica nos cilindros de cada lado. Os retentores também precisam ser substituídos se estiverem com sinais de ressecamento, porque qualquer fissura deixa o fluido vazar.
Freio muito além das pastilhas
Outro fluido que é muitas vezes esquecido é o do freio a disco. Ele transfere a pressão exercida sobre a alavanca ou pedal de freio pela mangueira até o pistão dentro do cáliper, que por sua vez empurra a pastilha contra o disco fixado à roda para desacelerá-la.
Esse fluido pode até estar no nível correto dentro do reservatório, que é transparente ou tem um visor com a marca de nível “mínimo”. Mas a cada dois anos, no máximo, precisa ser completamente trocado, e antes disso completado se o nível estiver baixo.
É normal que o nível baixe conforme a pastilha gasta, desde que nunca ultrapasse o mínimo. Neste caso, pode entrar ar na mangueira através do reservatório e o sistema de freio ficaria imprevisível. Evitar o ar no sistema é justamente um dos principais motivos da troca.
O fluido de freio tem um ponto de ebulição bem mais alto do que a água, acima de 200°C. E como o sistema esquenta bastante durante o funcionamento, por causa do atrito da pastilha com o disco, outro tipo de líquido ou fluido velho formaria bolhas e impediria o funcionamento. Você pressionaria a alavanca e a bolha absorveria parte do movimento, portanto o freio não funcionaria.
Essa capacidade de não formar bolhas depende da “idade” do fluido, que com o passar do tempo absorve umidade do ar e perde eficiência. Por isso precisa ser trocado em até dois anos, por um mecânico que tenha as ferramentas certas para retirar o fluido velho e colocar o novo eliminado qualquer bolha que entre junto no abastecimento. Sempre com muito cuidado para manipular o fluido sem deixar que encoste na pintura e outras partes da moto, porque essas marcas não saem com lavagem.
A maioria das motos usa a especificação DOT 4, e é importante seguir o que o manual recomenda – DOT 3 é uma especificação inferior, que suporta menos temperatura e está em desuso. Importante deixar claro que fluido DOT 5 usa outra base na formulação, com silicone, que não pode ser usada no lugar do DOT 4. Estragaria os componentes internos de borracha e vedações do sistema de freio. O upgrade do DOT 4 é o 5.1.
A mangueira de borracha por onde o fluido passa também se resseca com o tempo e precisa ser trocada para não acontecer vazamento de fluido. É comum que os manuais indiquem essa troca a cada quatro anos.
Lubrificação vai além da corrente
O último ponto da manutenção que é muito esquecido é a lubrificação de algumas partes móveis da moto que ficam expostas à água e sujeira. A lubrificação da corrente de transmissão com spray é mais frequente e já bem difundida, mas outras partes da moto precisam da lubrificação mais viscosa da graxa.
Isso por causa da maior exigência do tipo de componente, da dificuldade de acesso e para isolar de oxidação e água por mais tempo. É o que acontece com os eixos de roda; o braço oscilante da suspensão traseira, que precisa de graxa no eixo, nos rolamentos e nas buchas; a caixa de direção, que também tem rolamentos; as articulações de alavancas e pedais; e até o cavalete.
Essa lubrificação mais “pesada” com graxa acontece em intervalos maiores, por volta de 10.000 km e 20.000 km dependendo do componente, sempre conforme a indicação no manual. Então, não importa se você leva a moto na oficina da concessionária, no mecânico do bairro ou faz os serviços sozinho, em casa. É sempre bom saber do que sua moto precisa para continuar funcionando bem, e nessa lista devem estar o garfo, os freios e a lubrificação das peças, para sua segurança.
Fonte: Revista Duas Rodas.
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