Esta é uma daquelas motos que faz tudo bem feito, e conquista-nos por isso mesmo...
Fique sabendo o leitor que nós, os jornalistas ensaiadores de motos, como entendidos e especialistas que somos, não somos fáceis de contentar.
Somos “munta bons”, já andámos um pouco por todo o mundo em apresentações internacionais a experimentar todo o tipo de motos e a ouvir os pormenores técnicos dados pelos próprios engenheiros que desenharam as máquinas, e como tal não nos deixamos impressionar facilmente com as qualidades de um ou outro modelo. Antes estamos é já um pouco entediados e nada nos entusiasma facilmente.
Por outro lado, os defeitos, esses vemo-los todos e mencionamo-los sempre. É que atribuir defeitos infere que somos mesmo os maiores a levar qualquer moto aos limites, muito acima daquilo que um utente normal faz no seu dia-a-dia, e portanto estamos muito habilitados a criticar.
Normalmente, a criticar o modelo anterior àquele que estamos a testar, para não arriscarmos alterar o fino equilíbrio entre a isenção jornalística e os compromissos comerciais.
E de repente, chega-nos às mãos uma moto como a nova Suzuki V-Strom 650 e ficamos sem saber o que dizer...
É impossível não ficar impressionado com a facilidade de condução, a suavidade de acção da embraiagem por cabo, ou a leveza do selector de mudanças. É difícil não maravilhar com a justeza da posição de condução, ou com a capacidade de andar o dia todo, a velocidades entre os 90 e os 130 Km/h, e ainda conseguir obter consumos da ordem dos 4,8 litros aos 100...
“É impossível não ficar impressionado com a facilidade de condução”
Igualmente, não é fácil não ficar impressionado com a entrega dos 62 Nm de binário do motor, disponível mais abaixo na escala de rotações por imposição do Euro 4.
À primeira vista o motor parece igual ao anterior, mas tem 60 peças novas, incluindo pistões acabados a resina, e com apenas 70 cv, puxa sem hesitações a partir dos 45 Km/h em sexta, desde uma meras 1500 rpm.
Se isso não bastar para impressionar, que dizer do facto admirável de a suavidade acabar só do outro lado do odômetro analógico, lá pelas 10.000rpm e a quase 200 km/h?
A travagem, por triplo disco com ABS, e os 3 modos de controlo de tracção, impressionam igualmente, tal como a inserção em curva linear, intuitiva e ligeira, ou a estabilidade do conjunto a qualquer velocidade, que quando muito acusa algum movimento lateral, mas apenas em estradas mutio degradadas, e sempre sem alterar a compostura geral.
O assento é largo e confortável, aliás talvez até se podiam sacrificar alguns dos 83cm da sua altura, para os menos corpulentos colocarem os pés no chão mais facilmente.
A informação disponível no mostrador digital, que secunda o grande conta-rotações analógico, dá tudo! Desde médias de consumo, distâncias percorridas em 2 totalizadores, velocidade, horas, temperatura ambiente, autonomia, modo de tracção, nível de combustível ou temperatura do motor, e tudo com acesso fácil e intuitivo seleccionável através do polegar esquerdo.
Esta V-Strom será a moto ideal para os que, talvez vindos duma scooter, ou de uma qualquer 125cc, estejam a contemplar a aquisição de uma primeira moto “grande”...
Para isso, contribuem a já falada suavidade de embraiagem e caixa de velocidades, mas também os “gadgets” que a Suzuki incorporou no modelo:
- para ajudar a fase crítica do arranque, basta premir ligeira e rapidamente o botão “start” com o dedo, e o motor de arranque trabalha automaticamente e enquanto for necessário para dar arranque ao motor.
- e para começar a andar, o "Low RPM Assist" aumenta muito ligeiramente o regime do motor e evita, aos mais tímidos, deixar que o motor se “cale”, eliminando assim o risco associado de a moto cair para o lado nessa fase crítica. Na prática, com a primeira engatada, é só ir largando a embraiagem, sem tocar no acelerador, e a V-Strom arranca suavemente e sem se queixar...
Para encontrar defeitos só podíamos pegar pela estética, mas como gostos não se discutem… e depois ainda há as diversas opções de cor, amarelo e branco, mas nem sequer vamos entrar por aí!
Mesmo assim, não podemos deixar de referir que o quadro dupla viga de alumínio acabado a negro tem óptimo aspecto, e que em termos de funcionalidade, o vidro dianteiro cumpre eficazmente a missão de tirar a pressão da deslocação de ar do nosso peito, a qualquer velocidade.
E ainda temos que referir o porta-bagagens, pronto a aceitar malas ou um bom saco estanque.
Depois, há ainda a versão XT, que por um punhado de dólares mais, (OK, Euros e mais precisamente são 400!) traz quilha, protectores de mãos e rodas raiadas.
E com uma montada perfeitamente capaz de nos levar de férias com a cara-metade e bagagem, ou de nos levar ao trabalho a cada dia, sem nos esvaziar a carteira.
Fonte: Andar de moto.com.br
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