domingo, 7 de abril de 2019

PROFESSOR NAZARENO - Calama tem culpa?

Calama é uma vilazinha charmosa e quase encantada às margens do lendário rio Madeira e se localiza bem na divisa do Estado de Rondônia com o Amazonas. Está a quase 200 quilômetros de Porto Velho, a capital. É muito mais antiga do que a cidade de onde é apenas um dos seus distritos. Tem umas três mil pessoas morando na sede da vila e serve de apoio para uma microrregião de mais de cinco mil moradores. A “Veneza esquecida do Madeira” hoje não é nem sombra do que foi durante os históricos ciclos da borracha. Os sucessivos governos e as autoridades municipais e estaduais se revezam no poder para destruir e aniquilar qualquer resquício de vida boa e decente para os seus habitantes. Do Major Guapindaia até Hildon Chaves, o atual prefeito de Porto Velho, o que se vê são administrações pífias, desastradas e miseráveis para o esquecido distrito.

Como se não bastasse o agressivo barranco do Madeira, que ameaça diariamente a sua existência, o distrito sobrevive às duras penas nas mãos de administrações falidas como a de Hildon Chaves. Há mais de um ano que não tem médico. O Programa “Mais Médicos” do Governo Federal, já sucateado pelo governo do “Mito”, parece que consegue mandar profissionais para todo lugar, menos para Calama. Visitar a vila ou mesmo morar por lá é um risco de morte constante. Pessoas acidentadas com picadas de cobras, aranhas e escorpiões “têm que se virar” se quiserem escapar. Às pressas têm que ser levadas para Humaitá no Amazonas, pois soro antiofídico não existe no distrito. E se existe, não há médico para prescrevê-lo. E ninguém toma providência alguma. Uma simples gripe ou outra doença qualquer deve ser curada à base de rezas e benzedeiras.

O povo de Calama é bom, ordeiro, trabalhador e pacífico. Morei cinco anos lá e sei do que estou falando. Só convivi com pessoas de bom coração e humanos fora de série. Calama e todo o Baixo Madeira não merecem este tratamento desumano, animalesco, bruto e absurdo. Aliás, ninguém merece. As autoridades de Porto Velho e de nenhum outro lugar do mundo não ficam um dia sequer sem médico. Todos os mandatários da cidade, de um modo geral, têm acesso a bons planos de saúde e hospitais. Mas o bravo e guerreiro povo de Calama “que se vire” quando precisar cuidar de sua saúde. E agora Calama está sem escola também. A Escola Gen. Osório ainda não começou o ano letivo de 2019. Apenas 23 por cento dos alunos dependem de transporte fluvial, mas as “otoridades porto-velhenses” impediram o início das aulas para todos.

Sem médico, sem transporte fluvial, sem escola e sem dignidade. Os alunos da General Osório, que vão fazer o Enem em Humaitá, estão sem estudar e não têm a quem recorrer. E sabe de quem é a culpa? Muitos dizem que é dos próprios moradores da vila. “Não sabem escolher os seus representantes corretamente, por isso têm que pagar o preço”, afirma-se cinicamente. Muitos dos atuais vereadores de Porto Velho encheram as burras de voto por lá nas últimas eleições e agora se fazem de cegos. Alan Queiroz, Marcelo Reis, Maurício Carvalho, Ada Dantas e todos os outros deviam se compadecer daquele sofrido distrito. Mesmo que não tivessem recebido um só voto dos calamenses, eles são vereadores de todo o município. O próprio prefeito da capital só foi uma vez a Calama e os moradores da vila nunca vão esquecer este dia. Calama é um lugar lindo e paradisíaco. Mas se não dão conta dele, por que não o devolvem logo para Humaitá

Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO.


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