Evangelho de João 10, 11-18
Jesus se apresenta como verdadeiro e bom pastor. Veja o quanto é importante essa declaração. A colocação do nosso Mestre Ressuscitado quer focalizar que o "bom pastor" não se refere a sua bondade em si, mas ao fato de Ele ser o verdadeiro e justo pastor. Portanto, é reconhecer que Ele é muito importante, que vai além da simples constatação de bondoso e de uma questão moralística. Por que Jesus quis dizer isso? Já no Antigo Testamento, no livro de Ezequiel, 34, encontramos que Deus repreendia os pastores do povo porque pensavam somente em si, no bem deles, e não seguiam o redil. E os ameaçou dizendo que "virá um dia que Ele mesmo tomará conta do seu rebanho".
Com isso, Jesus quis dizer que chegou aquele dia. Por isso, os chefes da religião não gostaram e ficaram brabos. Na verdade, quiseram rejeitar o Senhor. Neste sentido, quando o Nazareno se apresentou, disse "eu sou". O que significa isso? Lembra quando Moisés, perante aquela sarça ardente, pediu o nome a Deus. O que Ele respondeu? "Eu sou ..." Não deu o nome, porque, segundo a concepção hebraica, o nome limita a realidade, mas mostrou que está sempre presente através do verbo ser. É uma maneira, portanto, para dizer que Ele é Deus. E essa presença é reconhecida como o Pastor verdadeiro. Porque Ele dá a sua vida pela suas ovelhas.
O profeta Ezequiel dizia que o pastor cuidava e protegia as ovelhas. Com Jesus, o pastor vai além disso, e se doa por elas. Para reforçar essa imagem de doação do Pastor verdadeiro, Ele contrapõe o mercenário. Quem é o mercenário? É aquele que vive por si, pelos seus interesses. No entanto, Jesus mostra a doação total pelo seu rebanho. Despojado de tudo. O evangelista Joao quis, com isso, chamar atenção da comunidade cristã para não agir pelos seus interesses, pelos seus prestígios, mas se tornar comunidade de amor, de doação total. É nessa dimensão que se faz a real experiência de se conhecer uns aos outros. Poderíamos dizer também que existe ali uma perfeita comunicação. Creio que poderíamos dizer que uma verdadeira doação se fundamenta nessa participação da vida de Deus.
A busca de Deus é, de certa maneira, a busca dos outros. Aqui se alicerça a nossa fraternidade. Além do mais, o Ressuscitado diz que as suas ovelhas não pertencem somente a um redil, mas têm outras. Configura-se que a ação de Deus não tem confim e preferências. É aberta a todos. Consequentemente, Deus será ouvido. Isto é, a voz do Senhor nunca se impõe às criaturas humanas, mas se propõe. Agora, como se faz para discernir a voz do Senhor? Todo mundo carrega dentro de si um desejo de vida plena, de paz, de amor, e por isso é suficiente se deixar possuir pela Palavra de Deus que logo compreenderão. Essa abertura à ação de Deus na nossa vida nos leva a formar uma comum-união entre os fiéis. É esse o verdadeiro Pastor que nos une e nos conduz pelos caminhos da vida, porque Ele faz tudo pelo nosso bem, custe o que custar.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestrado em missiologia e comunicação.
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