Todos querem falar do futuro, porque o 2018, cheio de dúvidas e desafios, está chegando aí. Neste espaço, vamos na contramão: voltaremos ao passado para contar as histórias e as expectativas dos brasileiros há exatos 30 anos, ou seja, na passagem de 1987 para o 1988, que chegaria. Era o ano em que se concluiria a mais ampla, completa e complexa Constituição da História do Brasil. O 1988 começava com essa grande expectativa. Instalada no ano anterior, a Assembleia Constituinte trouxe ao país a nova Constituição, promulgada em 5 de outubro por Ulysses Guimarães. O documento da democracia privilegiou o retorno da cidadania através do retorno dos direitos e garantias fundamentais que fora ignoradas na Constituição da ditadura. As questões ambientais estavam no auge, com a Amazônia no centro do noticiário. Quando 1988 terminou, a bomba do ano: o seringalista Chico Mendes fora assassinado na noite de 22 de dezembro, em sua casa. O mundo se voltou para cá, o julgamento e condenação dos assassinos foi notícia em todo o Planeta. Alguém lembra que os tanques do Exército voltaram às ruas em 1988, poucos anos depois da abertura política? Pois foi verdade. Em Volta Redonda, metalúrgicos entraram em greve, cometendo atos violentos e os tanques invadiram a sede da Companhia Siderúrgica Nacional. Três pessoas morreram. Foi o ano em que o PT começou a surgir com força nas urnas. E elegeu ninguém menos que Luiza Erundina, a primeira mulher a se tornar Prefeita de São Paulo.
Quem matou Odete Roitman? Esse foi o maior mistério do ano. Vale Tudo foi uma das novelas mais marcantes em todos os tempos, com um elenco de estrelas. Mas destaque ficou mesmo com Beatriz Segall no papel da vilã Odete Roitman, considerada a maior da história da dramaturgia. O último capítulo prende a atenção do país quando Leila, personagem de Cássia Kiss mata a vilã com dois tiros. A cena final mostra Marco Aurélio, personagem de Reginaldo Faria fugindo do país e dando uma banana ao Brasil ao som de Brasil, música de Cazuza cantada por Gal Costa. Inesquecível. Quando novela tinha enredo, atores de peso e música de qualidade. De lado para cá, já se sabe... Lembram do primeiro título mundial de Ayrton Senna? Pois foi em 1988, depois de uma duríssima disputa com o francês Alan Prost, que se tornaria seu maior adversário, até a morte do corredor brasileiro, seis anos depois. Foi também há 30 anos que o Brasil ficou menos alegre: morreu Abelardo Barbosa, o eterno Chacrinha, o comunicador que comandava a massa e buzinava os maus calouros, seja na Discoteca, na Buzina ou no Cassino que se consagrou nas tardes de sábado da década de 80. Chacrinha morreu em 30 de junho e leva junto a alegria e a bagunça. Quem viveu 1988 jamais o esquecerá!
SARNEY: AMADO E ODIADO
Outras curiosidades de 1988: o Brasil tinha, na época, 143 milhões e 850 mil habitantes, 63 milhões a menos do que tem hoje. Estávamos divididos ao meio: 71milhões e 500 mil homens; 71 milhões e 500 mil mulheres. José Ribamar, também conhecido como José Sarney, era o Presidente da República. Seu mandato seria de quatro anos, até 1990, quando seu sucessor, Fernando Collor de Mello, assumiria o poder, até ser cassado. Sarney teve uma trajetória interessante: substituiu Tancredo Neves, o que foi sem ter sido, pois morreu antes de tomar posse e, no primeiro ano no poder, teve uma das maiores aprovações que um Presidente já teve na história da República. Ao criar os “fiscais do Sarney”, para combater o exagero dos preços nos mercados e tentar baixar a inflação, Sarney mexeu com o país. Não deu certo, porque aos poucos ele ficou ao lado dos poderosos, como sempre fez e, no final, quase saiu pela porta dos fundos do Planalto, ojerizado por grande parte da população. Abriu caminho para Collor e todos os seus escândalos.
AMORIM GANHOU DE CONFÚCIO
Em Porto Velho, a eleição de 1988 colocou Chiquilito Erse na Prefeitura, com 32.434 votos, ganhando fácil do segundo colocado, José Alves de Carvalho, que fez 24.066 votos. O terceiro colocado foi Sérgio Carvalho (depois eleito deputado federal), que somou, na disputa municipal, 7.609 votos, seguido do médico Jacob Atallah, com 6.792 votos. José Bianco, que depois seria governador do Estado, foi eleito em 1988 em Ji-Paraná, com mais de 17 mil votos, ganhando fácil de José Viana, que ficou na faixa dos 10 mil votos. Em Ariquemes, uma eleição certamente histórica: Ernandes Amorim foi eleito, vencendo quem? Isso mesmo: o atual governador Confúcio Moura. Amorim teve 12.349 votos contra 8.149 votos de Confúcio. Anos depois, Confúcio seria eleito e reeleito prefeito da cidade, além de deputado federal e, posteriormente, Governador por dois mandatos. Amorim hoje, depois de ter sido prefeito, deputado estadual e senador, é vereador na sua cidade. Muitos dos personagens de 88 permaneceram ou permanecem ainda hoje na vida pública rondoniense. Chiquilito Erse morreu em 7 de julho de 2001.
OS AMIGOS DO NÍCOLAS
Voltando ao finalzinho de 2017: claro que o problema é de memória ou de falta de informações confiáveis. Certamente por isso, representantes da esquerda brasileira se calam sobre o que está acontecendo na Venezuela, quando, na pior das hipóteses, alguns descerebrados ainda defendem o governo de Nícolas Maduro. Para contribuir com esses “esquecidos”, que não estão vendo a tragédia humanitária num país destruído pelo socialismo, aqui vão alguns dados: a inflação este ano, na Venezuela, deve fechar em torno de 650 por cento. Deve superar os 1000 por cento em 2018. O PIB deve encolher 12 por cento este ano, depois de despencar 16 por cento em 2015 e 6,2 por cento em 2016. Pela primeira vez na história, as reservas internacionais do país estão abaixo dos 10 bilhões de dólares. A indústria está paralisada; no comércio, prateleiras vazias e múltiplos saques colocam a situação quase como em tempos de guerra; a mortalidade infantil saltou para 11.466 mortes, contra o normal de menos de 4 mil mortes/ano. Depois de atingir o recorde, não se divulgam mais números de crianças que morrem de doenças e de fome na Venezuela. Tem coisas piores. Os amigos do Nícolas podem ajudar o povo venezuelano, contando a verdade sobre o que está se passando por lá.
O TRÂNSITO AINDA ASSUSTA
Um morto, várias feridos, seis deles muito graves, inúmeros acidentes, 26 pessoas dirigindo alcoolizadas e outras 16 multadas simplesmente por não usarem o cinto de segurança: esse o resumo do Feriadão de Natal, nos números da Polícia Rodoviária, em Rondônia. No ano passado o Natal também teve apenas uma vítima fatal, mas em compensação o número de feridos graves foi menor. O que ainda surpreende não é só o grande número de bêbados ao volante (mesmo com todo o peso da lei vigente) e nem os 36 flagrados fazendo ultrapassagens extremamente perigosas, em locais proibidos. O que ainda deixa a gente pasmo é saber que, 20 anos depois da obrigatoriedade, há ainda motoristas que simplesmente ignoram o uso do cinto de segurança. Outro detalhe que chama a atenção é que, mesmo com todo o abuso que tem se observado em relação ao uso do celular por quem dirige, que ninguém tenha sido pego nesta irregularidade, ao menos nas rodovias federais do Estado. Já nas cidades, é impressionante o número de motoristas que falam ou mandam mensagens de voz ou escritas, enquanto dirigem. A multa contra esta transgressão também é pesada: quase 294 reais.
HORA DE ACERTAR AS CONTAS
Enfim, uma boa notícia para os contribuintes de Porto Velho que tem algum tipo de débito para com o município: a partir der 3 de janeiro, as contas poderão ser pagas com zero de multas e de juros, ou seja, apenas pelo valor principal. Projeto nesse sentido, proposto pelo Executivo, foi aprovado na Câmara de Vereadores e pode gerar uma arrecadação extra para a Prefeitura da Capital de algo em torno de 125 milhões de reais. Um caso típico explica o porquê de medida como essa: um contribuinte tinha dívidas com o IPTU, incluindo valores já incluídos na dívida ativa, correndo o risco até de perder seu imóvel. O valor bruto que lhe foi apresentado, chegava ao incríveis 25 mil reais. Retirados os últimos cinco anos do imposto; excluindo os juros (quase 10 mil reais) e as multas (em torno de 500 reais), o valor baixou para perto de 8 mil reais. Que podem ser pagos em parcela única ou ainda negociados. O exemplo pegou uma dívida robusta, mas quando os valores são menores, as facilidades de acerto com o fisco municipal são muito mais amplas. Vale a pena dar uma checada na Secretaria de Finanças (Sem faz) e propor a negociação. É a hora certa para regularizar as dividas.
O MASSACRE CONTINUA
O aumento dos combustíveis continua sendo daqueles absurdos que ninguém explica, ninguém entende; todos sofrem. No Nordeste, já há regiões onde são feitas campanhas para a volta do fogão a lenha, já que milhares e milhares de famílias pobres têm que escolher: ou compram comida ou compram botija de gás para cozinhar. A economia está voltando aos poucos aos trilhos, mas sem que a população seja protegida contra abusos como o que estão sendo praticados contra ela, não há mudança que se possa aceitar. O pior de tudo são os ouvidos moucos do governo. Faz de conta que é normal o litro de gasolina chegar quase a 5 reais (em Cacoal, por exemplo, onde se comercializa a gasolina mais cara do Estado, ela já passou dos 4,50 e caminha célere para os 5 reais) e a botija de gás, de 13 quilos, em algumas regiões, já estar acima dos 80 reais. Os derivados de petróleo sobem a índices assustadores, enquanto os salários ou continuam os mesmos ou diminuem. O governo fala numa inflação de 3 por cento, mas certamente ela está muito acima disso para a classe média. Pisoteados por um governo incompetente e impopular; com os bolsos rasgados pelo avanço dos impostos, que já são 33 por cento do PIB; pagando uma gasolina entre as mais caras do mundo e sem dinheiro para o gás para cozinhar seus alimentos, o brasileiro comum ainda tem que suportar a gozação da propaganda oficial, que diz que tudo está indo muito bem. Que vão para os quintos dos infernos!
PERGUNTINHA
Será verdade que o presente de Natal mais pedido ao Papai Noel, neste ano, nada teve a ver com roupas ou eletrônicos, mas sim com o tanque cheio de gasolina?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires - Porto Velho/RO.
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