Evangelho de João 1, 6-8.19-28
O profeta João Batista nos revela a sua determinação em assumir, com tanta coragem, o testemunho. O que significa, de fato, testemunho? É um ato de se manifestar sobre aquilo que se viu e ouviu. João Batista quis, justamente, proclamar a verdade sobre Jesus porque O viu e ouviu. Não temos aqui nenhuma nota biográfica sobre Batista, mas aquilo que é extremamente interessante, segundo o evangelista, é que este profeta dá um grande testemunho de Jesus. Além do mais, ele faz questão de esclarecer, o Batista, de não ser a Luz, mas, sim, de proclamá-La. Isto é muito importante para todos nós que queremos fazer uma profissão de fé no nosso Mestre, porque não podemos testemunhá-Lo se não fizermos um encontro pessoal, uma experiência direta com Ele na nossa vida.
Não tem jeito. Se não vermos nem ouvirmos, torna-se difícil pregar a verdade do Nazareno. É este o sério desafio dos cristãos. Porém, fica também claro que o Batista insiste que ele não é o Messias. Na nossa vida cristã é necessário manter sempre essa atitude de discípulos, de seguidores, e não de mestres. É o Mestre o mais importante e não nós, discípulos. Quantas vezes confundimos essa atitude em querer ser os primeiros. No entanto, o bom cristão testemunha logo o Senhor, e, em seguida, se põe em segundo lugar, para deixar Deus agir na sua existência. A partir dessas considerações, podemos dizer que o testemunho cristão tem sempre como objetivo a pessoa de Jesus. Por isso, há conflito, porque é preciso fazer uma escolha entre a “Luz e as trevas”, aceitar Jesus ou rejeitá-Lo.
Duas realidades incompatíveis. Hoje continua a perdurar esta situação, quando o mundo se opõe a Jesus, a nossa própria fé à descrença. Outro elemento que marca este evangelho é que o profeta Batista fala de um Messias que já está presente entre nós, e não de alguém que está ausente. Portanto, o verdadeiro testemunho é muito concreto, isto é, não é nunca abstrato, conceitual, mas presencial, vivo, que ajuda a fazer um discernimento de um Deus próximo da gente: “No meio de vós está quem vós não conheceis”. Este testemunho nos mostra que Deus está presente, mas depende de nós descobri-Lo. Naquele tempo foi o profeta Batista que ajudou a enxerga-Lo, e hoje quem será? Quem pode substituir João Batista? Creio que a comunidade cristã e os seus membros têm que assumir agora este papel de indicar ao mundo a presença de Jesus, o Messias. Naturalmente, para viver essa vocação a comunidade dos cristãos não pode se acomodar com pequenas profissões de fé e assim se sentir tranquilos e satisfeitos, mas precisa fazer passos heroicos de caminhada cristã. Isto é, os cristãos todos os dias se renovam, se recarregam para seguir os passos de Jesus, porque tem sede de vida eterna. É esta a verdadeira felicidade dos filhos e filhas de Deus.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.
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