A evolução da humanidade, rumo à vivência da harmonia social e do crescimento do homem, é inevitável, mas não se faz sem grande resistência de propósitos injustamente individualistas e predatórios. Essa circunstância social parece decorrer da equivocada percepção do caminho a ser percorrido pela civilização humana, e pelo homem como parte da criação. Traz á tona a inquietante pergunta sobre a evolução humana: ao longo do tempo, melhoramos como seres humanos e como civilização, ou pioramos?
A questão parece ser o divisor do pensamento otimista e do pessimista. Nesse sentido há uma consideração inafastável. Se a civilização humana é beligerante por natureza, desde os primórdios combate para conseguir alimentos, para conquistar espaços territoriais mais amplos, para auferir melhores vantagens econômicas e se, nesses combates, sobrevivem os vencedores e são eliminados os vencidos, e, por fim, se os vencedores são forçosamente os seres com maior capacidade de destruição, a população atual da Terra é de descendentes de pessoas que garantirem e garantem sua sobrevivência à custa da violência e eliminação do opositor ou do diverso.
A civilização moderna somente trocou as armas de destruição de que dispunha, antes eram as lanças, hoje é a palavra injusta. A letalidade da arma atual e muito maior que as precedentes, as lanças eliminavam, apenas, aqueles considerados inimigos, a palavra alcança, também, quem as utiliza. A evolução da comunicação trouxe admiráveis e irrecusáveis benefícios ao homem mas, também,potencializou o poder destrutivo da palavra injusta.
O instinto de preservação das espécies, que também existe na humanidade faz nascimentos incessantes de novos seres, esta renovação constante conduz a civilização a se distanciar, cada dia mais, do conhecimento atávico da destruição. Esse elemento nos faz acreditar que marchamos todos no sentido da unidade, harmonia e crescimento dos valores humanos de caridade, aceitação e solidariedade, embora não nos habilite a solucionar a dúvida constante sobre ao atual estágio da nossa civilização, se hoje estamos melhores ou piores do que quando começamos.
A corrupção é uma das formas de destruição utilizadas pela palavra injusta, e contra ela se levantam muitos que, um dia, serão maioria, pela força renovadora dos nascimentos, então, estaremos aptos a responder que a humanidade, efetivamente, está melhor do que quando começou.
Fonte: Maria Cecília Pontes Carnaúba - Promotora de Justiça / Jornal O Estadão do Norte
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