Nova
espécie de anta é descoberta na Amazônia brasileira. Chamada de
"Tapirus kabomani", ela era conhecida pela população local como anta
pretinha. Habitante de campos amazônicos com vegetação esparsa, ela é
menor e tem a pelagem mais escura que a anta comum no Brasil, a "Tapirus
terrestris". Esta é a quinta espécie de anta conhecida e foi descrita
no "Journal of Mammalogy"
Uma nova espécie de anta foi descoberta nos Estados de Rondônia e Amazonas, no Norte do Brasil, e chamada de Tapirus kabomani.
Sua descrição foi feita em artigo no "Journal of Mammalogy" em
dezembro. Ela era conhecida apenas por comunidades tradicionais e
indígenas amazônicos, chamada por eles de anta pretinha.
Ela é a
quinta espécie de anta descrita, sendo que a anterior havia sido
descoberta em 1865, e é a primeira "Perissodactyla" em 100 anos.
Habitante de campos amazônicos com vegetação esparsa, ela é menor e tem a
pelagem mais escura que a anta comum no Brasil, a Tapirus terrestris.
A descoberta foi feita pelos grupos de pesquisa dos professores Mário
Alberto Cozzuol, do Departamento de Zoologia, e Flávio H.G. Rodrigues e
Fabrício R. Santos, do Departamento de Biologia Geral, ambos do
Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG. Os primeiros passos dos
estudos que culminariam na descoberta do novo mamífero foram dados em
2003, quando o professor Cozzuol lecionava na Universidade Federal de
Rondônia.
"Essa descoberta é muito importante por se tratar de
um mamífero de grande porte. A anta pretinha é o maior mamífero da
América do Sul descoberto recentemente", aponta Cozzuol.
"Uma
das minhas alunas de iniciação científica estava analisando os crânios
de algumas antas daquela região, quando percebeu que um deles era
diferente dos outros. Como o crânio não é suficiente para descrever uma
nova espécie, passamos a trabalhar com outras amostras e segmentos de
DNA de diferentes tecidos dos animais coletados, que indicaram que esta
espécie era diferente da anta já conhecida no Brasil, a Tapirus terrestris", conta.
Parte do trabalho contou com visitas e entrevistas às comunidades de
indígenas, caboclos e ribeirinhos daquela região. "Pudemos observar
pegadas e tiramos fotografias. Concluímos que a anta desconhecida da
ciência era menor e possuía características diferentes da Tapirus terrestris,
como tamanho da cabeça e cor da pelagem", explica o professor Fabrício
Santos, que ressalta a importância do conhecimento dos indígenas e
comunidades tradicionais para a descoberta de novas espécies de animais.
"As populações daquela região já sabiam da existência da anta pretinha.
A percepção que esses povos têm da fauna local é muito boa e esse
conhecimento é importante para o entendimento da biodiversidade. Em
muitos casos, eles reconhecem a diversidade animal mais que os
cientistas", afirma Cozzuol.
Preservação
As antas são importantes para o bioma por agirem como dispersores de sementes e auxiliarem na preservação das florestas e no sustento das populações nativas. A espécie descoberta pelos pesquisadores é mais baixa, uma vez que possui o fêmur mais curto, e menos pesada –atinge cerca de 100 quilos – que aquela mais comumente encontrada no Brasil. Sua pelagem é mais escura e a parte posterior do crânio, mais achatada que a da anta comum.
A "pretinha" foi encontrada em regiões da Amazônia
caracterizadas por campos abertos, com menor quantidade de árvores, mas
circundadas por mata fechada. No entanto, a distribuição e o habitat
específico da nova espécie estão sendo investigados em novo projeto
financiado pela Fundação Boticário.
Amparados por relatos da
presença dessa espécie em outros locais por diferentes comunidades
nativas, os pesquisadores acreditam que a espécie também habite regiões
de Bolívia, Colômbia e Peru. "O próximo passo dos estudos é mapear a
distribuição da anta pretinha na América do Sul. Aparentemente, a
população dela é menor que a da anta que predomina nessa região, mas
ainda não podemos prever o número de indivíduos existentes dessa nova
espécie. Assim, ainda precisamos estimar a ameaça que ela sofre",
explica Fabrício Santos.
O professor Fabrício Santos destaca,
ainda, a dificuldade de pesquisas que buscam novas espécies de animais,
uma vez que a maioria das pessoas considera que "a descoberta de novas
espécies é coisa do passado, que tudo que havia de diferente já foi
descoberto. O problema é que se não se faz um estudo sistemático e
taxonômico adequado dos animais que parecem ainda desconhecidos, não se
descobre nada. As espécies precisam ser bem descritas e estudadas".
Fonte: Uol
Um comentário:
Nunca matei uma anta animal!
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