OPINIÃO DE PRIMEIRA

NO TRANSPORTE COLETIVO, AS CULPAS TÊM QUE SER DIVIDIDAS

As deficiências no transporte coletivo em Porto Velho são conhecidas. Tudo poderia estar muito melhor. As empresas têm sua culpa, claro. Mas seria uma enorme injustiça só creditar a elas tudo o que acontece de negativo no setor. Por exemplo: os ônibus  são lavados à noite e na madrugada, antes de saírem às ruas. Saem da garagem limpos e cheirosos. Menos de uma hora depois, já estão sujos, como se nem tivessem passado pela água. Para quem conhece os bairros de Porto Velho, não precisa dar mais explicação. Nos meses de chuvas, o barro toma conta. No verão, é a poeira infernal, que transforma não  só os ônibus em local de sujeira concentrada, mas também as roupas das pessoas que andam pelas ruas, seus sapatos, suas casas. Outra questão é a do preço da passagem.  Como vivemos numa economia de mercado e não num país comunista, lá onde as empresas não podem ter lucros e só o Estado, há protestos contra o custo das passagens, muitos cheios de razão, mas com um senões. Ao contrário de outras grandes cidades, não há qualquer subsídio. No mês passado, por exemplo, as duas empresas porto velhenses transportaram, de graça, passageiros que deixaram de pagar um total de mais de 1 milhão e 232 mil reais.

Há os custos de combustíveis e as centenas e centenas de empregos que têm que ser mantidos. Há os investimentos em ônibus e muitos compromissos. Claro que as empresas visam lucro e só com ele podem sobreviver. Mas, ao se analisar o contexto do transporte, não se pode deixar de repartir a culpa por deficiências também no Poder Público. Se fizesse ao menos uma pequena parte da sua parte neste setor,  a Prefeitura e os governos já ajudariam muito. Por enquanto, a questão é muito usada antes das eleições. Quando elas passam, de real mesmo, só as cobranças contras as empresas...

 CADA UM NA SUA - Claro que é mais fácil colocar toda a parcela de culpa nas empresas (e elas têm sim, suas responsabilidades nos problemas do transporte)  e viver de discursos. Mas a verdade é que, sem apoio, sem subsídios e sem uma estrutura de ruas em condições, que permitam  ao menos uma vida razoável aos veículos caríssimos usados no transporte de milhares e milhares de pessoas todos os dias, nada vai mudar. Portanto, o correto é que cada um assuma as suas responsabilidades , pensando no usuário em primeiro lugar....

BATEU DURO - Já se esperava. Em seu primeiro discurso depois que o Ministério Público não acatou as denúncias contra ele, o presidente da Assembleia, Hermínio Coelho, atacou com veemência o secretário Marcelo Bessa, pedindo sua cabeça  e bateu firme no governo Confúcio Moura. Hermínio será um duro adversário até o último dia da atual administração. O deputado Cláudio Carvalho também protestou. Reiterou sua inocência e cobrou um telefone celular levado de sua casa, pela polícia, no dia em que foi desencadeada a Operação Apocalipse. Até agora não lhe foi devolvido...

A VOLTA DA CACHAÇA - O Ministério Público até que tentou pressionar, mas não adiantou. A Câmara de Porto Velho derrubou lei que proibia venda de bebida alcoólica em postos de combustível.  Durou pouco mais de um ano a proibição. Mesmo com o MP comprovando através de números oficiais a queda no número de acidentes envolvendo motoristas bêbados, desde que a lei vigorava, os vereadores preferiram ouvir os argumentos dos empresários do setor. Só uns três ou quatro vereadores votaram pela manutenção da lei.

 MESMA RESPOSTA - Mais do que discurso de campanha, a deputada federal Marinha Raupp tem repetido a mesma frase, mas com uma negativa, em relação a 2014, quando tentará seu sexto mandato na Câmara. "Não sou candidata ao Governo". Embora repita à exaustão a mesma afirmativa, em cada canto do Estado em que ela aparece, tem que responder a mesma pergunta. Com seus 100 mil votos contabilizados na eleição passada, Marinha Raupp só deixa de ocupar sua cadeira no Congresso quando quiser....

GRANA SÓ PARA ELES... - Somente os seis maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú, Santander e HSBC) tiveram lucro líquido de quase 30 bilhões de reais no primeiro semestre, alcançando a maior rentabilidade do sistema financeiro mundial. Muito disso, sem dúvida, graças ao aumento da produtividade dos seus funcionários. Mas os banqueiros não querem pagar salários dignos a seus funcionários, mesmo nadando na opulência e na riqueza. Por isso, os bancários cruzam os braços em todo o país nesta quinta-feira. No que fazem muito bem...

 NOVO CLIMA - Os últimos acontecimentos mudaram o astral na Assembleia. Deputados que andavam cabisbaixos, alguns até assustados, já demonstram que as coisas melhoraram no parlamento. Um dos que mais se animou - até porque esteve no olho do furacão durante vários dias - foi o deputado petista Cláudio Carvalho. Denunciado na Operação Apocalipse, junto com alguns colegas, ele esperneou, percorreu o Estado jurando sua inocência e acabou sendo tirado do processo pelo Ministério Público. O mesmo ocorreu com Hermínio Coelho, Adriano Boiadeiro e Jean de Oliveira. Cláudio andava que era só alegria, esta semana.

PERGUNTINHA - Terminou o inverno lá pelo sul e sudeste e vai começar, com toda a força, a temporada de chuvas por aqui. Sobrevivemos às alagações que inundam nossas cidades?

Fonte: Jornalista Sérgio Pires