A inflação de
"mulheres-objeto", em pleno primeiro quartel do século XXI, num
Brasil que promete ser a nova potência da humanidade planetária, é preocupante.
O mercado editorial e
midiático que se alimenta nessas "acidentais" e
"despretensiosas" exibições de corpos "avantajados"
torna-se tão insistente que existem "musas" de "todo tipo":
de ex-BBBs a paniquetes, passando pelas funqueiras "mulheres-frutas",
pelas "garotas da laje", "miss bumbum", "musas do
MMA", "musas do Brasileirão" e o que vier.
Numa época em que precisa-se promover a emancipação
feminina, não somente no mercado de trabalho ou na vida amorosa, mas numa série
de valores morais, culturais e outros, é preocupante que nada menos do que 50
"boazudas", aproximadamente, figuram nos sítios de celebridades
mostrando apenas sua única e exclusiva qualidade: os corpos que excitam um
público machista e sexualmente obsediado.
As notas já são mais que repetitivas que até se
duvida, e muito, das ocorrências "acidentais" de fulana que
"paga calcinha", da sicrana que "paga cofrinho", da
beltrana que "deixa o sutiã cair por ação do vento (sic)". Mas os
empresários, produtores e editores que investem nesse hiperespetáculo machista
não estão aí. As apelações das "musas" podem enfurecer até budista
que eles continuarão insistindo.
Enquanto isso, a ex-integrante do Big Brother
Brasil, Maíra Cardi, esquecendo que deveria manter a compostura num aeroporto
do Rio de Janeiro, cheio de passageiros, transeuntes e turistas, preferiu
investir no exibicionismo, fazendo caras e bocas e "apertando" o
decote, insinuando uma pseudo-sensualidade vulgar e desesperada. Tudo pela fama
a qualquer preço.
"PRISIONEIRAS" DE SEU CORPO
Esse sensacionalismo anda preocupando bastante,
porque não é isso que fortalecerá o feminismo, não é isso que expressa a
liberdade do corpo da mulher. Pelo contrário, não se pode definir como
liberdade do corpo o fato dessas "musas" serem prisioneiras e escravas
do culto ao corpo, da obsessão pretensamente sensual que nada diz e nada
contribui em coisa alguma na vida.
Fazendo uma comparação com outras mulheres famosas,
como atrizes e modelos, nota-se que as mulheres que não vivem da vulgaridade
pseudo-sensual adotam uma postura discreta e sóbria. Brasileiras como Deborah
Secco, só para citar uma mulher considerada símbolo sexual de muitos homens,
simplesmente passeiam pelo saguão dos aeroportos sem muito exibicionismo, sem
bancarem as "gostosas" a qualquer custo, sem apelar para
"mostrar demais" seus "dotes" físicos.
No exterior, então, musas como a modelo Cindy
Crawford e as atrizes Emma Watson, Natalie Portman e Salma Hayek - esta famosa
pelo protótipo de morena ultrasensual - aparecem de forma mais discreta, quando
muito exibindo uma sensualidade light e menos apelativa
possível, através de calças jeans justas ou de decotes discretos. Nada de
exibicionismo, nem de caras e bocas.
Dá até para imaginar o tom de promoção que Maíra
Cardi arrumou com sua exibição "acidental" do seu decote. A foto
resultada aparentemente não indica, mas quem percorreu as proximidades, com
atenção, deve imaginar que a ex-BBB e o fotógrafo combinaram a pose
previamente, tudo pelo sensacionalismo barato na mídia nacional.
Essa insistência de prevalecer a vulgaridade
feminina constrange e humilha a mulher brasileira. Não se trata de sermos
contra a sensualidade. Mas a verdadeira sensualidade possui contextos,
situações certas, e uma certa sutileza. E isso as "musas populares"
não sabem fazer, e acham que estão sendo modernas com isso. Não estão. Elas
estão, isso sim, sendo grotescas, antiquadas e um tanto caricatas quando
"se mostram demais".
Solange e Andressa demonstram extremamente
grotescas na sua "medição de bumbum" e Maíra parece alguém
traumatizado com o risco de ostracismo, daí a apelação da pseudo-sensualidade.
Outras musas do gênero, seguindo o mesmo "descaminho" - sobretudo uma
Geisy Arruda que também "deixou escapar" um dos seios - , apenas se
tornam constrangedoras e grosseiras nos seus atos.
E isso não as faz mais
desejadas. Elas só são desejadas para um público machista, grosseiro e sem
capacidade intelectual de traçar sequer uma fantasia sexual. As
"boazudas", neste caso, vem com o produto pronto,
"mulheres-objetos" que já chegam com a "fantasia"
pré-fabricada pela mídia das celebridades e pelo mercado de revistas
"sensuais". O machismo agradece com isso. Mas a sociedade em geral
fica envergonhada com todo esse "espetáculo".
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