Em 1963 eram fortes os indícios da paralisação da construção da BR 29. O jornalista Vinicius Danin, do Alto Madeira, e o radialista Milton Alves de Jesus, diretor da Rádio Difusora do Guaporé, decidiram ir a Brasilia, percorrendo a rodovia Brasilia-Acre, ainda em extensos trechos, a estrada era apenas um caminho de serviço aberto na pujante floresta amazônia, interceptado por igarapés e caudalosos rios transpostos uns por pinguelas e provisorias pontes de madeira, outros por balsas. Também havia obstáculos, os grandes atoleiros, a falta de postos de abastecimento, de oficinas e de hotéis. Isso se tornava perigoso desafio aos motoristas de caminhão que se aventuravam a percorrê-la no trecho Cuiabá/Porto Velho, cujo tempo de deslocamento no período chuvoso, chegava a três meses.
Os dois programaram fazer a viagem pilotando uma vespa M4 doada pela empresa Rondomarsa, revendedora de veículos. O empresário Luiz Malheiros Tourinho, representante da Companhia de Seguro Equitativa, doou um título de seguro contra acidentes no valor de um milhão de cruzeiros a cada um dos expedicionários.
Estes levavam um memorial assinado pelo governador, pelas demais autoridades, pelos presidentes dos clubes de serviço, da Maçonaria, das instituições religiosas, reivindicando ao Presidente João Goulart a manutenção dos trabalhos de construção da BR 29.
No percurso colheriam assinaturas dos moradores que encontrassem. Juntaram ao memorial um exemplar do livro "Terras de Rondônia", ainda inédito, no qual o autor destacava importância da construção da rodovia se prolongando até o litoral do oceano fico no Peru e no Chile proporcionando ao Brasil acesso ao mercado dos países vizinhos assim como dos asiáticos.
No dia 15 de junho de 1963, às 17h, os expedicionários partiram da Praça Jônathas Pedrosa, para tentar a viagem fantástica de mais de cinco mil quilômetros em pequenos veículos de duas rodas. Percorreram parte da Amazônia Ocidental, do Centro Oeste e do Sudeste. Aventura jamais registrada nos anais rodoviários do continente americano e provavelmente do mundo.
Superando todos os obstáculos, chegaram a Cuiabá e foram recebidos pelo governador de Mato Grosso, o qual entregou-lhes um documento de apoio ao do povo de Rondônia, dirigindo ao presidente João Goulart. Seguiram para Goiânia, aonde o advogado Olavo de Castro, porto-velhense, redador do jornal "4º Poder", apresentou-os ao presidente da Fundação Estadual de Esportes. Ficaram hospedados no Hotel Ártemis. O governador do Estado de Goiás, Mauro Borges, recepcionou-os com um almoço no Palácio, com a participação do secretários e vários políticos, entregando-lhes um documento de teor igual ao dos supramencionados, , destinados ao Presidente.
Prosseguindo viagem seguiram para Brasília, ao chegarem foram escoltados por uma patrulha rodoviária comandada pelo Inspetor Latorraca, que os acompanhou até ao "Brasília Palace Hotel", sendo recepcionado pelo Deputado Federal de Rondônia Renato Borralho de Medeiros, que os acompanhou na audiência com o Presidente João Goulart sendo lhe entregue o memorial do Povo de Rondônia e os documentos de apoio dos governadores de Mato Grosso e de Goiás. Eram solicitadas a garantia de de não ser paralisada a construção da rodovia, a liberação de CR$ 8.000.000,00 (oito milhões de cruzeiros) para pagamentos em atraso às empreiteiras, o Presidente elevou para CR$ 17.000,000,00 (dezessete milhões de cruzeiros), com imediata liberação, determinou o remanejamento do pessoal do DNER encarregados da BR 29, de Brasília para Cuiabá e Porto Velho. A missão dos dois expedicionários Vinícius Danin e Milton Alves de Jesus alcançou pleno êxito.
Fonte: Professor Abnael Machado de Lima - Jornal Alto Madeira
Um comentário:
Fico feliz que a história do meu Pai Milton de Jesus Alves seja lembrada! Foi um visionário e desbravador homem de coragem que lutou por nosso estado. Saint Clair Alves
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